No cenário do comércio eletrônico de 2006, um casal de empresários, Shivaun e Adam Raff, enfrentou um grande desafio com o Google ao lançar o Foundem, uma plataforma de comparação de preços.
Depois de investir tempo e recursos, os dois construíram o site da empresa do zero e renunciaram a carreiras estáveis na esperança de revolucionar as compras on-line.
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A empolgação, no entanto, foi rapidamente destruída por uma barreira inesperada que levou o casal a travar uma batalha judicial por anos contra o Google.
O Foundem sofreu uma penalidade pela plataforma de busca logo depois de seu lançamento. Impulsionada por um filtro automático de detecção de spam, o banimento impediu a classificação do site em buscas relevantes. Como consequência, a visibilidade da empresa caiu drasticamente, o que minou as chances de a empresa atrair clientes e comprometeu a receita do negócio.
O casal monitorava atentamente as buscas pela empresa no site, mas notou, com desânimo, uma queda imediata em todas as frentes.
A experiência negativa do casal culminou em uma briga judicial com o Google que se arrastaria por 15 longos anos.
Google é condenada a pagar multa milionária para o casal
Na decisão, a Justiça aplicou uma multa antitruste de € 2,4 bilhões (cerca de R$ 15 bilhões) contra a gigante da tecnologia — uma das maiores da história. A Comissão Europeia determinou que o Google havia abusado de sua posição de mercado e favoreceu o próprio serviço de comparação de preços nos resultados de busca.
As tentativas de Shivaun e Adam para reverter a penalidade foram infrutíferas. O Google não cedeu, mesmo depois de repetidas solicitações de revisão.
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Em outras plataformas de busca, como Bing e Yahoo, o Foundem aparecia normalmente, mas a predominância do Google no mercado digital anulava esses esforços. Essa disparidade foi um fator crucial no questionamento das práticas do Google em tribunal.
Durante o julgamento, o Foundem apresentou evidências de que seu site era suprimido nas buscas, enquanto o Google promovia os próprios produtos e serviços. A prática foi considerada anticompetitiva pela Comissão Europeia.
A decisão de 2017 julgou o Google culpado por manipular as buscas de um modo que definiu o palco para futuras regulamentações na indústria de tecnologia.
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Um aspecto crucial eram não só as provas apresentadas pelo Foundem, mas também o crescente número de queixas que surgiram de empresas similares, como Kelkoo e Trivago.
Apesar da vitória legal, o Foundem não sobreviveu. A empresa encerrou as atividades em 2016.
Os fundadores refletiram sobre a briga na Justiça e sobre os anos dedicados a uma luta que sinalizou pontos críticos na discussão sobre o poder das grandes empresas tecnológicas. “Acho que, se soubéssemos que levaria tantos anos, talvez não tivéssemos feito a mesma escolha”, contou Raff à rede britânica BCC.