Uma das principais narrativas da ficção científica é a do sujeito que, do dia para a noite, ganha o super poder de visão de raios X, podendo facilmente olhar através de objetos sólidos. Obviamente, esta é uma impossibilidade física inclusive para os equipamentos de observação Mark I. Porém, os cientistas descobriram um meio de contornar tal desafio que nos permite estudar o universo com visão de raios X.
A nova subdivisão de pesquisa ganhou o nome de astronomia de raios X, e existe há 60 anos. Os estudos dessa ciência revelam alguns dos eventos e objetos mais enérgicos e violentos do cosmos. Os objetos de estudo incluem quasares brilhantes, explosões de supernovas, fluxos de gás e estrelas jovens.
Recentemente, pesquisadores do projeto eROSITA, do Instituto Max Planck de Física Extraterrestre (MPE), anunciaram a descoberta de um conjunto de dados de raios X sobre o universo. O estudo cobre metade do céu de raios X e revela informações sobre 900 mil fontes distintas desse tipo de radiação eletromagnética.
Isso representa mais do que todos os dados já detectados nas décadas de história da astronomia de raios X — o que inclui descobertas realizadas com o Chandra e outros observatórios em órbita.
Raios X e o projeto eROSITA
O eROSITA é um telescópio que gera imagens de raios X. O equipamento está instalado a bordo do satélite Spectrum-RG. A primeira pesquisa sobre o espaço, batizada de eRASS1, aconteceu durante 7 meses, começando em 12 de dezembro de 2019.
Operando na sua configuração mais sensível, o telescópio foi capaz de detectar 170 milhões de fótons de raios X. Isso permitiu às câmeras a medição de suas cargas energéticas, bem como dos seus tempos de chegada. Mais de 50 novos artigos científicos foram publicados sobre o projeto.
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Desde o seu lançamento, o eROSITA possibilitou um salto significativo na astronomia de raios X. Ao varrer o céu, o equipamento vislumbrou mudanças num quasar (fonte de rádio estelar) distante da nossa galáxia, a Via Láctea.
O equipamento também detectou um buraco negro recém-formado e traçou a existência de gás quente em torno de nossa galáxia. Atualmente, o equipamento está passando por uma avaliação técnica a fim de maximizar sua operacionalização.