De acordo com o regulamento das Forças de Defesa de Israel (FDI), obtido por Oeste, os métodos a que se submetem os seus militares não condizem com as afirmações de que seus ataques são brutais e genocidas.
Ao serem acusadas de ter bombardeado um hospital em Gaza, na terça-feira 17, as FDI mostraram em seguida que o míssil foi lançado por grupos terroristas em direção a Israel.
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A ordem é para que os ataques sejam estritamente dirigidos a membros de grupos terroristas que atacaram o país.
O procedimento é bem diferente do adotado, na prática, por outros exércitos regulares, como o da própria Rússia, que não demonstra o mesmo cuidado de não atingir civis, entre eles crianças e idosos.
As ações das forças russas, muitas vezes excessivas, não são condenadas publicamente por presidentes simpáticos ao regime de Vladimir Putin.
Para as FDI, a morte de um civil em um local atacado por seus comandados é considerada trágica.
“As FDI e os seus soldados são obrigados a preservar a dignidade humana”, informa o site da instituição. “Todos os seres humanos têm um valor inerente, independentemente da raça, fé, nacionalidade, gênero ou status.”
Assessor jurídico tem poder de veto de operações
Oeste apurou, junto a representantes das FDI, que há um procedimento que antecede cada um dos bombardeios. Mesmo que eles sejam muitos em um único dia, nenhum, pelo próprio regulamento da instituição, tem como alvo civis.
Em cada um dos bombardeios ou lançamentos de mísseis, há um assessor jurídico que aprova a ação.
Ele analisa todos os critérios, as condições, se é um alvo militar, se é próximo de área civil, conforme as leis internacionais, de acordo com um militar de alto escalão do Exército israelense.
“Sem o aval do assessor jurídico, não há lançamento”, disse a Oeste. “Já ocorreram erros, mas eles são poucos dentro de toda a história de Israel e não são deliberados.”
Além disso, “muitas vezes os próprios terroristas descaracterizam alvos para enganar os soldados”, acrescenta a fonte. “Mesmo assim, na grande maioria das vezes é possível perceber antes da ação.”
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Ele volta a afirmar que o Hamas tenta atribuir a Israel aquilo que ele mesmo faz. O grupo busca assim transformar a guerra em uma batalha de propaganda.
“As bombas lançadas por Israel visam a atingir edifícios específicos e analisados”, conta. “Na maioria dos casos, a primeira bomba é um aviso e não causa muitos danos.”
Para ele, é uma absurda distorção equiparar a conduta das FDI à do Hamas.
“O Hamas dispara em escolas, hospitais e bairros residenciais. E tenta provocar a morte de civis palestinos ao se colocarem como alvos também dentro de escolas, hospitais e regiões populosas.”
Sala de controle analisa todas as ações
Outro fator prioritário é em relação à autonomia que o militar de Israel tem para atacar ou não um alvo. Nunca, de acordo com o regulamento das FDI, um soldado pode atacar sem aprovação, a menos que seja baleado diretamente.
Caso ocorra um bombardeio a núcleos civis ou iniciativas sem autorização dos superiores, os envolvidos são julgados por um tribunal.
Em fevereiro, por exemplo, um soldado de Israel foi condenado a dez dias de prisão por ter agredido um militante palestino em Hebron, na Cisjordânia. O caso, sem tanta repercussão, vale para ilustrar o conceito que rege o Exército israelense.
As ações são todas analisadas antes em uma sala de controle. Mesmo no frenesi da guerra, os aviões de combate ou militares próximos a lançadores se comunicam com a central para definir um ataque. Sempre com a presença do assessor jurídico.
Nestas salas de controle, também, é possível detectar a origem de ataques inimigos, conclui o militar.
“Em geral sabemos de onde os foguetes são disparados.”
Isto Mostra Bem a diferença entre um exército e um grupo TERRORISTA.