A ditadura de Mianmar condenou um fotojornalista a 20 anos de prisão com trabalhos forçados por causa de sua cobertura das consequências de um ciclone mortal.
A informação foi divulgada na quarta-feira 6 pelo Myanmar Now, agência de notícias independente em que Sai Zaw Thaike, o jornalista condenado, trabalhava.
O fotojornalista de 40 anos estava na cidade de Sittwe, capital do Estado de Rakhine, fazendo a cobertura das consequências do ciclone Mocha. A tempestade matou mais 148 pessoas, muitas delas da minoria perseguida Rohingya. Também danificou 186 mil edifícios.
As acusações contra o jornalista condenado pela ditadura do Mianmar
A ditadura do Mianmar submeteu Sai Zaw Thaike a um interrogatório de cerca de uma semana em Sittwe e Yangon. Preso desde o final de maio, ele foi transferido para a prisão de Insein, em Yangon, em junho, em detenção preventiva.
A ditadura fez uma acusação inicial de desinformação, incitação e sedição. Porém, o número de acusações pelas quais o fotojornalista foi condenado não foi confirmado.
Sai Zaw Thaike não teve seu direito a defesa respeitado durante o “processo”, e foi condenado sem representação legal e audiências judiciais. A ditadura de Mianmar também não permitiu que o fotojornalista recebesse visitas de familiares na prisão. As autoridades também restringiram a entrega de cartas.
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“Todos os colegas de Sai Zaw Thaike no Myanmar Now e eu estamos profundamente tristes ao saber da longa sentença proferida contra ele”, disse Swe Win, editor-chefe do Myanmar Now.
Win também disse que a sentença de Thaike “é mais uma indicação de que a liberdade de imprensa foi completamente anulada sob o governo da junta militar”. Ele acrescentou que a condenação mostra o “elevado preço” que os jornalistas independentes pagam por cumprir seu trabalho no país.
Sai Zaw Thaike é o segundo jornalista do Myanmar Now a ser preso pelas autoridades desde o golpe de Estado de 2021. A jornalista Kay Zon Nway foi presa por cobrir um protesto antigolpe no final de fevereiro, e foi libertada no final de junho.