Dois influentes ministros britânicos — Rishi Sunak, das Finanças, e Sajid Javid, da Saúde — renunciaram aos seus cargos nesta terça-feira, 5, colocando em xeque a já trôpega liderança do primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson. As renúncias podem significar o golpe final no atual governo, dilacerado por escândalos cabulosos nos últimos meses.
As turbulências começaram em fevereiro, quando veio à tona o chamado “partygate“, as festinhas ilegais realizadas em Downing Street, residência oficial e escritório do premiê britânico, em pleno lockdown, e se perpetuaram até o início deste mês, com as denúncias de assédio sexual contra o deputado conservador Christopher Pincher, sobre as quais Johnson teria conhecimento e nada fez.
Sunak e Javid eram considerados peças-chave no tabuleiro político de Johnson e estavam encarregados de dois dos maiores problemas enfrentados pela Grã-Bretanha no momento — a crise da carestia, sequela das medidas de contenção da covid-19, e outras arbitrariedades da pandemia.
Analistas presumem que muito provavelmente os afastamentos foram coordenados para pressionar Johnson a deixar o cargo. O isolamento político é considerado o único meio de pressão neste momento — uma nova moção de censura contra o primeiro-ministro só pode ser votada daqui a um ano, segundo as regras atuais, a menos que elas sejam alteradas.
Depois de os ministros renunciarem, foi a vez de Bim Alofami, um dos vice-presidentes do Partido Conservador, anunciar que deixava o cargo. Minutos mais tarde, outros três parlamentares, Saqib Bhattti, Nicola Richards e Jonathan Gullis, publicaram no Twitter as suas de renúncias. Outra deputada a sair foi Virginia Crosbie.
O substituto de Javid na pasta da Saúde será Steve Barclay, chefe do gabinete de Boris. Nas Finanças, o premiê apontou Nadhim Zahawi.