Em artigo publicado na Edição 56 da Revista Oeste, a colunista Ella Whelan argumenta que transformar misoginia em crime de ódio seria um desastre para a autonomia feminina. Além disso, segundo a autora do livro What Women Want: Fun, Freedom and an End to Feminism, é ofensivo e errado sugerir que todos os homens de alguma forma são coniventes com as ações de uns poucos abusadores.
Leia um trecho
“Na última década, quase 1.500 mulheres foram mortas por homens [no Reino Unido] — na maioria, parceiros ou ex-parceiros em casa e um punhado de estranhos na rua. No decorrer de sua vida, quase toda mulher vai ter algum tipo de experiência negativa com homens — sejam comentários sexistas, seja algum constrangimento, ou pior. Aquilo em que as pessoas que clamam por mais vigilância da vida privada das mulheres — desde intervenção policial por meio de leis relacionadas a crimes de ódio até acompanhamento literal em noitadas — estão errando é misturar os crimes mais hediondos com más experiências. Fingir que as mulheres vivem sob uma ‘epidemia’ ou uma ‘praga’ de misoginia não faz nada pela liberdade delas. E com certeza não impede estupros ou assassinatos. Aqueles que cometem esses crimes o fazem com plena consciência do que suas ações significam — poetizar sobre a necessidade de educar os homens não vai ajudar.
[…]
O motivo por que alguns homens se sentem capazes de causar dano ou ameaçar mulheres é por nos verem como menos merecedoras da liberdade e da autonomia de que eles gozam. Ao sugerirmos que os homens odeiam as mulheres, que todas as mulheres correm perigo por causa dos homens, nós cedemos a preconceitos e fantasias daqueles poucos que querem nos fazer mal. Também estamos condenando metade da população a sucumbir a um tipo de determinismo imaginado — é ofensivo e é errado sugerir que todos os homens de alguma forma são coniventes com as ações de uns poucos abusadores. Transformar a misoginia em crime de ódio registra na lei que as mulheres não conseguem lidar com a vida pública sem o olhar atento do Estado. Isso não é uma política da liberdade. É uma política do medo.”
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Revista Oeste
A Edição 56 da Revista Oeste vai além da coluna de Ella Whelan sobre o contrassenso de transformar misoginia em crime de ódio. A publicação digital conta com reportagens especiais e artigos de J. R. Guzzo, Augusto Nunes, Silvio Navarro, Guilherme Fiuza, Rodrigo Constantino, Dagomir Marquezi, Gabriel de Arruda Castro e Ana Paula Henkel.
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