A China iniciou, no sábado 3, a flexibilização das restrições impostas para conter a covid-19 em algumas cidades. A medida ocorre depois que protestos contra a política de “covid-19 zero” começaram a acontecer em pelo menos 16 municípios chineses.
A cidade de Shenzhen anunciou que deixaria de exigir a exibição do teste negativo de covid-19 para que as pessoas utilizassem o transporte público e acessassem a parques. Os municípios de Chengdu e Tianjin adotaram as mesmas medidas.
Em Pequim, muitos estandes de testagens foram fechados e a obrigatoriedade dos testes com resultados negativos para entrar nos mercados também foi suspensa. As novas regras passam a valer a partir da segunda-feira 5.
Outros estabelecimentos e escritórios de trabalho continuam exigindo os testes negativos. Conforme noticiou a agência de notícias Reuters, alguns moradores de Pequim comemoraram o fim das cabines de testagem.
Na quarta-feira 30, a cidade de Guangzhou anunciou a flexibilização das restrições contra a covid-19 em algumas partes da região. Em seguida, as cidades de Chongqing e Zhengzhou comunicaram a mesma medida.
Onda de protestos na China
Em pelo menos 16 cidades foram registrados protestos contra a volta da política de “covid-19 zero” do governo chines, que pretende acabar com o novo avanço do vírus. Entre as reivindicações, os manifestantes pediam o fim do lockdown prolongado e das testagens em massa. Os atos foram registrados por todo o país até 26 de novembro.
Na terça-feira 29, a Reuters informou que o governo chinês estava investigando as pessoas presentes nos protestos. Dois manifestantes disseram que receberam ligações da polícia de Pequim pedindo que eles se apresentassem em uma delegacia para depôr sobre suas atividades na noite dos protestos.
Na segunda-feira 28, um jornalista da BBC News foi preso enquanto cobria as manifestações contra o lockdown no país. De acordo com a emissora, o profissional foi “espancado e chutado” por policiais.
Na sexta-feira 2, a CNN comunicou que as autoridades chinesas estavam usando dados pessoais de telefones para rastrear os manifestantes presentes nos protestos.
Um ativista disse em entrevista à emissora que recebeu uma ligação, na quarta-feira 30, de um policial. O agente teria revelado que o homem foi rastreado pelo sinal do próprio celular. Além disso, que o manifestante deveria se apresentar em uma delegacia. Segundo o policial, essa era uma “ordem do Departamento Municipal de Segurança Pública de Pequim”.
Na China, todos os cidadãos, que possuem celulares, são obrigados por lei a registrar seu nome e o número de identificação nacional com as operadoras de telecomunicações.
Leia também: “A insanidade da ‘covid zero’ na China”, reportagem de Cristyan Costa para a Edição 112 da Revista Oeste.