O estrago operacional na energia ocasionado pela “mudança climática” está cada vez mais se alastrando. A situação torna-se pior quando o rigor do inverno aparece na Europa, em pleno “aquecimento global”. Se por acaso você achou que os transtornos foram por causa de alguma condição de tempo ou quadro meteorológico severo, em parte, enganou-se. Trata-se do encarecimento da energia devido ao exagero das preocupações ambientais e climáticas, o que acaba escasseando a disponibilidade energética e gerando preços mais altos, especialmente pela desativação de fontes robustas e firmes de geração de energia convencional efetiva, pelas fracas e incipientes alternativas.
Cansamos de falar sobre essa bomba-relógio, mas não adiantou porque todos os governos do mundo estão associados em causar o caos em seus países e nos seus vizinhos com a nefasta política de “transição energética”. Em alguns países de agenda adiantada, planejaram e fizeram. Primeiro passo, encher tudo o que é lugar com moinhos eólicos e painéis solares. Segundo: cortar fontes seguras de geração, especialmente nuclear, seguindo os cortes para carvão e óle. Terceiro: fazer propaganda, e como fizeram, de forma que o discurso vá ardilosamente ocultando a natureza intermitente e nada segura das energias alternativas, rotulando-as de renováveis. Pronto! A fórmula do desastre programado está completa.
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Em poucos anos, a perda do conceito fez com que as pessoas encarassem a energia alternativa como energia efetiva. O plano de esconder que elas eram complementares ao sistema robusto estabelecido foi concluído com sucesso. Agora é só colherem a mazela do fracasso. Ignoraram conscientemente a máxima: não se troca energia efetiva por energia alternativa.
A conta chegou
O preço da ignorância chegou com peso. A fracassada e já mencionada política da “transição energética”, a mesma que o Brasil quer implementar, deveria receber o seu verdadeiro nome de “transição abissal”, ou “rumo ao zero”. No caso, vemos a Europa passar um bom aperto por causa dessas decisões equivocadas. A União Europeia (UE) tem um sistema unificado de distribuição de energia, o que permite que os países possam vender energia pelas linhas de transmissão através do seu mercado de energia, bem semelhante ao do Brasil. Porém, lá, são entre os países.
Nessas condições, uma briga começou entre eles na segunda semana do mês de dezembro de 2024, quando um quadro meteorológico de calmaria gerado por um anticiclone, seguido por temperaturas muito baixas, reduziu drasticamente a geração de energia dos aerogeradores alemães. Ou não tinha vento, ou o frio acabou por congelar as ventoinhas superdesenvolvidas. Ademais, o céu encoberto em varias regiões reduziu a oferta de energia fotovoltaica. A demanda aumentando com o frio e a escassez garantida pela falta de robustez do sistema acabou por forçar a necessária recorrência ao carvão, óleo e gás, mas também aos vizinhos, o que encareceu a energia e sua distribuição por boa parte da Europa.
A reclamação começou por ela, a Noruega! Justo eles, que tanto apontam o dedo no rosto dos outros, como do nosso Brasil, quando querem falar de preservação ambiental, de “mudança climática”, de como usamos o Cerrado para agricultura, “denunciando-nos” através de seus “institutos” instalados por aqui como se fossemos criminosos interplanetários. Pois é, os políticos daquele país começaram uma campanha para desativar os cabos de transmissão de energia submarinos Skagerrak 1 e 2, de 500 megawatts de potência, comissionados em 1976 e 1977, respectivamente, cujo fim de suas vidas úteis de 50 anos acontecerá em 2026 e 2027. Esses cabos fazem uma conexão mais curta entre a Noruega e a Europa Central.
A cisma dos políticos noruegueses vem do fato de a Alemanha continuar a manter fechadas as suas usinas nucleares de energia, dependendo das fontes “renováveis” para imensa parte de sua geração. Quando essas falham e seus backups de gás, carvão e óleo não dão conta, ou encarecem demais a geração (a que ponto chegamos! Energia efetiva virando backup), eles podem acabar por comprar energia dos países vizinhos. Embora a Noruega não seja membro da União Europeia, ela faz parte do Espaço Econômico Europeu (EEE). Mas como isso acabou por prejudicá-los?
Como relatado, o quadro meteorológico que se estendeu pela Alemanha uma semana antes da entrada do inverno de 2024 trouxe baixas temperaturas, ausência de ventos e uma persistente nebulosidade que bloqueou a luz solar. A situação meteorológica que gera esse terrível quadro para as energias alternativas é denominada por “Dunkelflaute”, ou “anticiclone fechado”. Diferentemente dos anticiclones semi-permanentes que abrem o céu, mas ainda não tem vento, um anticiclone móvel do inverno europeu (APM), além de ausência de ventos, pode trazer uma densa cobertura de nuvens baixas do tipo Stratus e Stratocumulus, cuja base de nuvens pode ficar até aquém dos 400 metros de altura geométrica e fechar de 70% a 90% do céu.
Sem vento, sem insolação plena, períodos diurnos cada vez mais curtos do dia por causa do seu inverno, adicionados do frio que exige maior demanda, o preço da eletricidade na Europa disparou — especialmente na Alemanha, cujo sistema tem muito pouca energia de base para cargas maiores após o desmantelamento de todas as suas usinas nucleares.
Eles acabaram apelando primeiramente ao gás, mas tiveram de importar energia de outros países sob as regras da UE, aumentando os preços por lá. Eis aqui a motivação da reclamação dos políticos locais ao Sul da Noruega. Eles têm de “dividir” sua energia com a Europa Central. Uma maior demanda reflete nos preços. Em outras palavras, quer brincar de parquinho ecológico, agora pague a conta. Esse é um exemplo bom para nós, mas será que o Brasil acorda a tempo?
A crise aumenta
A briga tomou proporções maiores. Envolveu altos funcionários governamentais e acabou até nas redes sociais, com o ministro da energia norueguês, Terje Aasland, afirmando entender a raiva das pessoas, dada a situação nauseante, para ser bem polido, sobre o quadro alemão e as opiniões expressas. Os políticos ao sul da Noruega pediram ao país que não renove as linhas antigas de energia, de modo a cortar o fornecimento para a Dinamarca e a Alemanha. Dessa forma, os preços na Noruega voltariam a cair, pois a geração ficaria destinada apenas à demanda nacional.
Segundo os sítios de energia europeus, a Noruega possui 9 gigawatts (GW) de energia de base para poder atender à demanda de países vizinhos, honrando estes compromissos. Cerca de 5,1 GW escoam pelas linhas para a Dinamarca, Alemanha, Holanda e Reino Unido. Mas, com a Alemanha consumindo boa parte da energia com a finalidade de atender à demanda industrial e térmica da população para um inverno que dá sinais de rigor, devido ao “aquecimento global”, os vizinhos passaram a pagar ainda mais. Ou seja, nessa situação, não foram apenas os noruegueses que se enfureceram, mas também as pessoas ao sul da Suécia, pois tanto eles quanto os seus vizinhos ao sul da Noruega chegaram a pagar US$ 5 (cerca de R$30) por um banho de dez minutos.
A ministra da Energia e da Economia suéca, Ebba-Elisabeth Busch, do Partido Democrata Cristão, declarou estar furiosa com os alemães. E não é por menos: afinal, o atual chanceler alemão, Olaf Scholz, permanece seguindo a cartilha da incompetente-mor que ocupava o seu cargo, Angela Merkel, mantendo as usinas nucleares fechadas na Alemanha. Com isso, a energia chegou a oscilar entre € 700 e € 900 por megawatt-hora em várias partes da Escandinávia durante esse período de crise (Fig.1).
A situação ainda vai piorar. Lembremos que durante a última COP, em Baku, no Azerbaijão (11 a 22 de novembro de 2024), o Reino Unido se vangloriava de ter fechado a sua última central elétrica a carvão, demitindo todos os funcionários. O Canadá, França, Alemanha e Austrália, diga-se de passagem, uma das maiores produtoras de carvão, assumiram seu compromisso insano com “planos climáticos”, em que as suas usinas que utilizam essa fonte de energia só poderão operar se tiverem seus sumidouros de CO2. A França vem atualizando as suas nucleares, embora erros de projeto precisem ser corrigidos, mas a Alemanha continua degringolando, com suas ideologias embusteiras verde-vermelhas permeando as decisões governamentais.
Escassez para todos
Nós também não estamos imunes à escassez planejada. A ignorância de quem nos governa, em todas as esferas, é assustadora! Os exemplos observados dos países onde a agenda está avançada mostram o desastre, mas continuamos a seguir para o abismo. Estamos vendo a casca de banana no chão a 500 metros de distância e falamos: “Meu Deus, uma casca de banana lá na frente! Vamos cair!”.
Assim, no Brasil, a sanha também continua a passos largos — mas somente adaptada à nossa realidade, ou falta desta, pois aqui o pessoal vive no mundo da fantasia. Pretendem fechar campos agrícolas para instalar fazendas solares. Nos Estados do Sul, o plano de fechar as poucas minas de carvão levarão municípios inteiros à ruína! E lembram a estupidez das lâmpadas de tecnologia LED que espalharam nas ruas por todas as cidades? O discurso é que economizariam até 90% de energia, “salvando o planeta”. E, é claro, mantendo os balanços das concessionárias gordos, pois o valor cobrado na sua conta de energia no item “iluminação pública” continua firme, forte e… alto! Estão economizando para quem, mesmo?
Sugestão para a manchete: reina na ignorância ou reino da ignorância
Não entendi sobre distribuição de energia entre países da Europa, mas sei muito bem que essa estória de mudanças climáticas e aquecimento global é uma farsa e as medidas tomadas para a demanda de energia prevalece o ganho imediato de cada país