A atriz iraniana Tareneh Alidoosti, mais conhecida por seu papel no longa O vendedor (2016), ganhador do Oscar de melhor filme estrangeiro, publicou uma foto nas redes sociais para mostrar apoio aos protestos contra o governo que começaram no Irã há quase dois meses.
Na foto, a artista aparece sem o hijab, véu obrigatório que cobre a cabeça de mulheres muçulmanas, enquanto ergue uma placa que diz “Mulheres, Vida, Liberdade” em curdo. O slogan se tornou popular nas manifestações, na maioria lideradas por iranianas.
A voz de Tareneh Alidoosti tem sido utilizada para endossar a força do movimento. No início desta semana, a atriz de 38 anos prometeu permanecer no Irã. Ela também é conhecida como defensora dos direitos das mulheres no país do Oriente Médio.
“Eu sou a única a ficar e não pretendo sair de jeito nenhum”, afirmou em um post compartilhado no Instagram. “Vou ficar com as famílias dos prisioneiros e dos assassinados e exigir seus direitos. Vou lutar pela minha casa. Pagarei qualquer preço para defender meu direito”.
Protestos se espalham pelo Irã
A morte da iraniana Mahsa Amini, 22 anos, gerou uma revolta em parte do país, principalmente, nas redes sociais. A jovem morreu no dia 16 de setembro, depois de ser presa pela polícia porque supostamente não estava usando corretamente o hijab.
Policiais alegaram que Amini sofreu um ataque cardíaco durante a prisão, para que, nas palavras dos agentes, fosse “convencida e educada”. Eles negaram que ela tenha sido agredida.
Milhares de pessoas foram às ruas para manifestar indignação contra a morte de Mahsa Amini. O caso tomou proporções gigantescas. Para milhares de iranianas, Mahsa foi espancada ou de alguma forma maltratada pela polícia. O pai da jovem informou que ela não apresentava problemas de saúde antes da prisão.
Desde setembro, quando começou uma onda de protestos no Irã, cerca de 14 mil pessoas foram presas e pelo menos 277 foram mortas, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU).
O relator especial sobre a situação dos direitos humanos na República Islâmica do Irã, Javaid Rehman, disse na quarta-feira, que “nas últimas seis semanas, milhares de homens, mulheres e crianças — segundo alguns relatos, mais de 14 mil pessoas — foram presos”. Entre essas pessoas, estão “defensores de direitos humanos, estudantes, advogados, jornalistas e ativistas da sociedade civil”.