O ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas, pivô de uma crise diplomática entre México e Equador, foi hospitalizado nesta segunda-feira, 8, de acordo com o serviço penitenciário do país. O político foi capturado pela polícia na última sexta-feira, 5, durante uma invasão policial na embaixada mexicana em Quito.
O Serviço Nacional de Atenção Integral às Pessoas Privadas de Liberdade (Snai) informou que o ex-vice-presidente teve um problema de saúde por não se alimentar. Glas, de 54 anos, “sofreu uma possível descompensação por se recusar a consumir os alimentos oferecidos” na prisão, informou o órgão, em comunicado à imprensa.
A versão apresentada pelo Snai, contudo, contradiz o relato de pessoas próximas ao ex-presidente, que informaram que ele foi encontrado em “coma autoinduzido profundo” na prisão. Glas ingeriu antidepressivos e sedativos, segundo um boletim de ocorrência repercutido pelo jornal norte-americano The New York Times.
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O ex-presidente equatoriano se encontra “estável e permanecerá em observação” por várias horas no Hospital Naval do Porto de Guayaquil, de acordo com o Snai. Ainda segundo o órgão, os protocolos de saúde foram acionados na prisão de segurança máxima La Roca quando Glas não compareceu à chamada para a contagem de detentos e foi determinado que ele havia sofrido uma “descompensação”.
Vinicio Tapia, um dos advogados de Glas, disse que foi impedido de falar com seu cliente. “Não temos notícias [de seu estado] há mais de 60 horas”, afirmou. “Desde o momento em que foi sequestrado na embaixada mexicana.”
Equador versus México
A hospitalização de Glas ocorre enquanto as tensões entre o Equador e o México aumentam, com o avanço da preparação da demanda que será apresentada contra Quito perante a Corte Internacional de Justiça.
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O ex-vice-presidente enfrenta uma acusação de peculato (desvio de dinheiro público) no Equador. Glas procurou refúgio na embaixada mexicana na tentativa de evitar a prisão, provocando uma briga diplomática depois de a polícia de Quito entrar na embaixada mexicana e capturá-lo.
Um tratado diplomático de 1961 diz que os governos não podem entrar em embaixadas estrangeiras sem permissão do país anfitrião da embaixada.
A invasão da embaixada, sem precedentes recentes no mundo, foi condenada por cerca de 30 países, incluindo os Estados Unidos e nações europeias. Além disso, sete organismos mundiais e regionais, como a Organização das Nações Unidas e a Organização dos Estados Americanos (OEA), repudiaram o ocorrido.
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Os líderes da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos vão debater uma proposta de “condenação firme” e possíveis sanções contra o Equador em uma reunião de cúpula virtual na sexta-feira 12. A presidente de Honduras, Xiomara Castro, que preside o bloco, anunciou o encontro extraordinário.
O Equador considera o asilo a Glas “ilegal” e contrário às normas internacionais. De acordo com as lideranças políticas do país, ele está sendo processado por um crime comum.
Noboa se pronuncia
O presidente do Equador, Daniel Noboa, se pronunciou pela primeira vez sobre o assunto na segunda-feira. Ele defendeu sua decisão de intervir na embaixada mexicana ao argumentar que não podia correr o “risco de uma fuga iminente” de Glas.
“Ao povo irmão do México, quero expressar que sempre estarei disposto a resolver qualquer diferença”, afirmou Noboa. “Mas que a Justiça não se negocia, e que nunca protegeremos criminosos.”
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Em coletiva de imprensa, o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, considerou que a operação para prender Glas foi uma medida “autoritária”. De acordo com o líder mexicano, a prisão dentro da embaixada foi resultado de uma combinação de inexperiência, má assessoria e busca por apoio popular de seu homólogo equatoriano.
“Quando há governos fracos, que não têm respaldo popular nem capacidade, fabricam-se candidatos”, disse Obrador. “E quem não tem experiência chega ao poder.”
Depois da ruptura dos laços diplomáticos ordenada por Obrador, os colaboradores da embaixada mexicana retornaram ao seu país no domingo 7. O México fechou indefinidamente seus escritórios diplomáticos no Equador, enquanto Quito retirou seus funcionários da embaixada na Cidade do México, mas mantém abertos seus dois consulados.
Revista Oeste, com informações da Agência Estado