A origem da fortuna do homem mais rico da Alemanha, Klaus-Michael Kühne, de 87 anos, estaria no roubo do patrimônio de 70 mil judeus durante o nazismo.
Essa é a conclusão de uma investigação realizada pela revista norte-americana Vanity Fair, que mostrou como o rei do transporte marítimo e presidente do gigante da logística Kuehne+Nagel nunca concordou em lidar com as origens da sua fortuna, que superaria US$ 44 bilhões (cerca de R$ 250 bilhões).
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Klaus-Michael Kühne é também é o maior acionista da companhia aérea alemã Lufthansa, do gigante marítimo Hapag-Lloyd, que pertence à distribuidora de produtos químicos Brenntag.
Segundo a revista norte-americana, o patrimônio de Kühne remontaria à era nazista, quando propriedades de famílias judias teriam sido sistematicamente roubadas. A opinião pública alemã sabia dessa história em termos gerais, mas nunca teve acesso aos detalhes.
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A pressão sobre Kühne vem crescendo há anos, desde quando os prêmios literários que sua fundação distribui são recusados pelos vencedores.
O túmulo de seu pai, Alfred, foi profanado com a escrita “nazi-Kapital” (capitalista nazista, na tradução do alemão).
Empresário nunca negou o passado nazista da família
Kühne, reservado, sem herdeiros, reside na Suíça há décadas. Mas é também o principal patrono e mecenas da cidade de Hamburgo, onde o atual chanceler alemão, Olaf Scholz, nasceu e onde começou sua carreira política. Essa trajetória o levou para o comando do governo da principal economia da União Europeia (UE).
O bilionário é o dono do time de futebol do Hamburgo, financia a orquestra filarmônica Elb–Philharmonie e é considerado um generoso filântropo. Entretanto, o segredo de seu patrimônio é ligado ao período mais obscuro da história alemã: a ditadura nazista.
Em 1933, três meses depois da posse de Adolf Hitler como chanceler, seu pai Alfred e seu tio Werner Kühne expulsaram o outro sócio da empresa Kühne+Nagel, o judeu Adolf Maas, sem indenização.
Esse processo era conhecido como “arianização” das empresas alemães. O negócio decolou graças às encomendas do regime nazista. E, entre 1942 e 1944, os Kühne tornaram-se imensamente ricos.
Foram eles que organizaram como monopolistas Möbelaktion — o saque e o transporte dos bens de 70 mil famílias judias que foram deportadas para os campos de concentração.
Na França, na Bélgica, na Holanda e em outros países europeus invadidos pelas tropas nazistas, não houve aldeia remota onde os Kühne não chegassem para saquear as famílias judias a mais.
Suspeitas de ter fornecido gás para campos de extermínio
Segundo um historiador de Munique, Frank Bajohr, os Kühne teriam fornecidos o gás Zyklon B para os campos de extermínio nazistas.
Klaus-Michael ingressou na empresa de família em 1958, aos 21 anos, e transformou-a em uma potência global.
Ele nunca negou os crimes cometidos pelo seu pai e tio, pagou indenizações aos judeus como outras 6,5 mil empresas alemãs.
Em 2015, ele encomendou uma investigação séria sobre a família. Mas não chegou a reconhecer as conclusões e recusou-se a publicá-las.
“A certa altura”, disse Kühne na ocasião, “é preciso deixar a poeira da história cair sobre as coisas”.
Um dia tera que acertar as contas com DEUS.
QUE MUNDO PEQUENO. JA COMPREI ALGUMA COISA DELES EM LEILAO ORGANIZADO POR UMA OUTRA EMPRESA.