Na busca de enfrentar a queda das finanças públicas da França, o novo primeiro-ministro, Michel Barnier, considera aumentar impostos sobre empresas e os mais ricos do país. Com a medida, o premiê acredita que vai reduzir o crescente déficit orçamentário. Essa seria uma forma de tranquilizar os investidores internacionais, preocupados com a incapacidade do governo de resolver o problema. As informações são do New York Times.
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O presidente Emmanuel Macron enfrenta pressão para agir rapidamente. Na terça-feira 24, os custos de empréstimos para a França subiram ao nível mais alto desde a crise de 2008. Enquanto isso, o governo está em uma batalha para controlar uma dívida crescente, que se tornou uma das mais altas da Europa.
Em entrevista no domingo 22, Michel Barnier afirmou que reverteria cortes de impostos implementados por Macron, apesar das promessas do presidente de não aumentar impostos.
“Não vou aumentar os impostos de todos os franceses”, disse Barnier ao New York Times. “Mas não posso excluir os mais ricos e as empresas do esforço nacional para corrigir a situação.”
Macron chegou a reduzir impostos para empresas e ricos da França
Desde 2017, Macron tem trabalhado tonar a França um bom lugar para negócios e atrair investidores. O presidente chegou a reduzir impostos corporativos e sobre a riqueza. As medidas agradaram empresários, mas diminuíram a receita tributária nacional.
Um estudo do Institute Montaigne revelou que essas medidas custaram ao Tesouro francês cerca de € 15 bilhões (R$ 91 bilhões) em receita perdida. Macron gerou controvérsia ao diluir um imposto sobre a fortuna para os muito ricos. Ele o substituiu por um imposto sobre ativos imobiliários avaliado em mais de € 1,3 milhão (R$ 7,91 milhões).
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Com a piora das finanças públicas, Barnier agora discute a reversão dos cortes de impostos de Macron. Ele precisa encontrar uma economia de € 110 bilhões (R$ 669 bilhões) nos próximos anos para alinhar a dívida e o déficit às regras da União Europeia. Grande parte disso será na forma de cortes nos gastos do governo.
Entre os caminhos que estão sendo explorados estão o aumento do imposto fixo para até 35%. De acordo com economistas franceses, essa mudança poderia gerar até € 300 milhões (R$ 1,8 bilhão) em novas receitas.
Outra proposta é um imposto temporário sobre “superlucros” de empresas, uma ideia que Macron havia abandonado anteriormente, quando os lucros das empresas de petróleo e alimentos aumentaram após a pandemia.
Reações do setor empresarial
Alguns membros do grupo de Barnier lançaram a ideia de aumentar o imposto corporativo para mais perto de onde ele estava antes de Macron reduzi-lo. Quanto à restauração do imposto sobre a riqueza, Barnier se recusou a dizer se isso está nos planos.
No entanto, se seu governo fizesse isso e reduzisse outras brechas fiscais, isso traria de € 10 bilhões a € 15 bilhões (R$ 60 bilhões a R$ 91 bilhões) por ano, segundo a Terra Nova, um think tank francês.
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Patrick Martin, presidente da Medef, principal organização de empregadores da França, disse estar disposto a discutir um aumento de impostos para as empresas. Mas desde que o governo reduza drasticamente os gastos e não adote políticas que penalizem investimento e emprego.
Contribuições empresariais e preocupação com investidores
Rodolphe Saade, executivo-chefe da CMA CGM, expressou disposição de contribuir com um pagamento único para ajudar a consertar as finanças da França, desde que não haja mudanças significativas no código tributário.
“Se houver uma contribuição solidária das empresas que geram lucro, a CMA CGM pagaria sua parte”, disse ele.
Os investidores estrangeiros permanecem em silêncio, mas o novo governo está focado em não assustá-los. Laurent Saint-Martin, novo ministro do orçamento, e Antoine Armand, novo ministro da economia, são figuras próximas ao pensamento de Macron e estão encarregados de atrair investimentos.
Desafios fiscais e próximos passos
As finanças públicas da França estão se deteriorando mais rapidamente do que o esperado. O Ministério das Finanças prevê um déficit de 6% do PIB em 2024, se nenhuma medida for tomada. A dívida da França alcançou € 3 trilhões (R$ 18 trilhões), mais de 110% do PIB, a mais alta da Europa, depois da Grécia e Itália.
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Medida super inteligente para atrair investimentos.Fantástico.
A imaginação dessa gente é deplorável. Querem que acreditemos que impostos para super-ricos e empresas não vão afetar os mais pobres.