O resultado oficial das eleições parlamentares da França confirmaram as projeções de boca de urna. A extrema esquerda elegeu o maior número de deputados, mas sem conquistar a maioria para comandar a Assembleia Nacional — e automaticamente ter um primeiro-ministro. O segundo turno para o Poder Legislativo francês ocorreu neste domingo, 7.
Das 577 cadeiras da Assembleia, a coalizão Nova Frente Popular (NFP), de extrema esquerda, vai ter 182 representantes. Quantidade distante da maioria absoluta — 50% mais um —, que é 289.
A NFP não existia no cenário político francês até o início do mês passado, quando o presidente Emmanuel Macron, da centro-esquerda, dissolveu o Parlamento e convocou novas eleições. A decisão se deu depois da vitória da direita na disputa pelas cadeiras do país no Parlamento da União Europeia.
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Com a possibilidade aberta para tentar conquistar o poder, partidos da extrema esquerda se juntaram e formaram a NFP. O bloco conta, por exemplo, com o movimento A França Insubmissa, de Jean-Luc Mélenchon. Derrotado em três eleições presidenciais, Mélenchon militou durante décadas no Partido Socialista. Em 2008, criou o seu próprio partido.
Além do partido A França Insubmissa, legendas que defendem pautas da extrema esquerda compõem a NFP. A coalização juntou socialistas, comunistas e ecologistas.
Sem a maioria absoluta constituída, lideranças da NFP terão de negociar com a centro esquerda de Macron para a formação de governo. Na segunda posição geral na disputa pela Assembleia Nacional, o bloco Juntos, do presidente francês, conquistou 168 assentos.
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Em discurso depois do encerramento da votação, Mélenchon cobrou publicamente Macron. Ele deseja que o presidente nomeie um representante da extrema esquerda para o cargo de primeiro-ministro. Ainda não há, entretanto, definição sobre isso.
Atual premiê está de saída
Uma coisa é fato. A França terá um primeiro-ministro. O atual ocupante do cargo, Gabriel Attal, anunciou que vai apresentar a sua renúncia formal nesta segunda-feira, 8. Ele é aliado de Macron e era o premiê desde janeiro.
“Ser primeiro-ministro é a honra da minha vida”, afirmou Attal, em postagem no Twitter/X. “Esta noite, o partido político que representei nesta campanha não tem maioria. Fiel à tradição republicana e, de acordo com os meus princípios, apresentarei amanhã de manhã a minha demissão.”
Être Premier ministre est l'honneur de ma vie.
— Gabriel Attal (@GabrielAttal) July 7, 2024
Le lien que nous avons tissé est ce que j'ai de plus précieux.
Ce soir, la formation politique que j'ai représentée dans cette campagne ne dispose pas d'une majorité.
Fidèle à la tradition républicaine et conformément à mes… pic.twitter.com/DgcbNKoTLE
Direita avança na França
Principal partido de direita da França, o Reagrupamento Nacional (RN) terminou o segundo turno da eleição parlamentar como terceira força. De 89 deputados eleitos em 2022, a sigla passará a contar com 143 membros na Assembleia Nacional.
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Uma das lideranças do RN, a deputada Marine Le Pen não demonstrou abalo com o resultado deste domingo, que representou uma reviravolta no cenário político do país. No primeiro turno, que ocorreu no último fim de semana, o partido havia sido o mais bem votado, mas, pelas regras eleitorais, conseguiu eleger apenas 30 deputados na ocasião.
De acordo com Le Pen, a legenda que ela representa chegará ao comando do governo francês mais cedo ou mais tarde. “Nossa vitória foi apenas adiada”, disse a deputada, em entrevista ao canal TF1.
Jordan Bardella critica Macron
O líder do Reagrupamento Nacional e eurodeputado, Jordan Bardella, culpou Macron pela possibilidade de a extrema esquerda passar a ter o primeiro-ministro da França. De acordo com o parlamentar, o presidente protagonizou — ao lado de Mélenchon — uma “aliança de desonra”.
A fala de Bardella se dá diante do que ocorreu no decorrer da semana. Depois do primeiro turno, em que o RN foi o mais bem votado, Macron selou acordo com a extrema esquerda. Consequentemente, candidatos com poucas chances de serem eleitos pelo Juntos ou pela NFP desistiram de disputar o segundo turno — justamente com a intenção de “não dividir votos” e barrar os membros da direita.
“A França está nos braços da extrema esquerda”, lamentou Bardella.
Je tiens à remercier les électeurs du RN et de ses alliés, leur constance, leur sérénité face aux caricatures.
— Jordan Bardella (@J_Bardella) July 7, 2024
Malheureusement, l'alliance du déshonneur entre M. Macron et M. Mélenchon jette ce soir la France dans les bras de l'extrême gauche. #Législatives2024 pic.twitter.com/9HozaCz47T
Composição da Assembleia Nacional
Conforme os resultados oficiais, a Assembleia Nacional da França terá a seguinte composição:
- NFR — 182;
- Juntos —168;
- RN — 143;
- Os Republicanos — 45; e
- Outros partidos e coalizões — 39.
De todo material exposto, o que mais gostei foi “extrema esquerda”…temos que lutar com as mesmas armas dos canhotas….vida que segue…
Acredito que as eleições no Reino Unido interferiram no resultado das eleições na Franca