O governo das Filipinas emitiu uma ordem, na quarta-feira 29, para fechar o portal de notícias investigativas Rappler, cofundado pela jornalista Maria Ressa, vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2021.
O site ganhou notoriedade por denunciar crimes contra a humanidade cometidos pelo regime de Rodrigo Duterte, o presidente do país. O caso aconteceu um dia antes de o ditador deixar o poder. Ele foi impedido pela Constituição das Filipinas de buscar um segundo mandato de seis anos.
Quem assume o cargo é Ferdinand Marcos Jr., filho do falecido déspota de mesmo nome, que governou as Filipinas entre 1965 e 1986.
A ordem de fechamento do site Rappler foi emitida pela Comissão de Valores Mobiliários das Filipinas, depois de o portal ter recebido, em 2018, um investimento da fundação Omidyar Network, empresa franco-norte-americana que aplica capital de impacto em outros serviços.
A transação foi considerada contrária à Constituição do país, que impõe “restrições constitucionais e regulamentares à propriedade estrangeira nos meios de comunicação.”
“Parte da razão de eu não conseguir dormir muito na noite passada é porque recebemos uma ordem de fechamento”, afirmou Maria Ressa, durante palestra em Honolulu, capital do Havaí, nos EUA. “Não vamos fechar. Quer dizer, não devia dizer isso.”
Em comunicado enviado aos funcionários da Rappler, a direção da empresa exigiu “clareza, agilidade e sobriedade” para lidar com a censura. “Enquanto isso, é negócio como de costume para nós. Vamos nos adaptar, ajustar, sobreviver e prosperar”, informou.
Maria Ressa, 58 anos, chegou a ser presa pelo governo do ditador filipino Rodrigo Duterte em 2019, por supostamente violar a legislação que trata de crimes cibernéticos, em razão de uma reportagem sobre atividades ilegais de um empresário do país.
Nobel da Paz
Além da filipina, Dmitri Muratov, da Rússia, recebeu o Prêmio Nobel da Paz de 2021. O redator-chefe do Novaya Gazeta ficou conhecido por atacar o governo de Vladimir Putin.
Segundo os organizadores do prêmio, os dois jornalistas foram laureados pela “contribuição essencial de ambos para a liberdade de expressão e pelo jornalismo em seus países”.
Segundo a academia, Muratov e Ressa mereceram o prêmio “por sua corajosa luta pela liberdade de expressão na Rússia e nas Filipinas”. O comitê afirmou ainda que a liberdade de expressão “é uma condição prévia para a democracia e para uma paz duradoura”.
“Os jornalistas premiados são representantes de todos os jornalistas que defendem esse ideal em um mundo em que a democracia e a liberdade de imprensa enfrentam condições cada vez mais adversas”, justificou a entidade responsável pela entrega do Nobel da Paz.
Os vencedores do Nobel da Paz foram escolhidos em um universo de 329 candidatos ao prêmio (234 pessoas e 95 organizações). Foi o terceiro maior número de candidatos em toda a história da premiação.
Enquanto isso em Cuba militantes anti-regime sofrem penas alexandrianas por protestar contra o ditadura e reina um silencio total dos lacradores mundiais
Tá parecendo o nosso STF, mandando fechar sites!