A greve de 33 mil integrantes da Associação Internacional de Maquinistas na Boeing, que chegou ao sétimo dia nesta quinta-feira, 19, já causou prejuízo de US$ 572 milhões (R$ 3 bilhões) para a empresa e para os trabalhadores, segundo estimativas da consultoria Anderson Economic Group.
O ritmo das perdas deve aumentar se um acordo não for alcançado na segunda semana de greve, afirmou à CNN Patrick Anderson, fundador e presidente da empresa de pesquisa de Michigan, que tem experiência em calcular o custo de interrupções econômicas, como greves. “A primeira semana de perdas da Boeing é substancial, mas será insignificante, em comparação ao que acontecerá nas semanas seguintes.”
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No entanto, essas perdas são menores do que o US$ 1,6 bilhão (R$ 8,6 bilhão) que custou à economia a primeira semana de greves dos trabalhadores da indústria automobilística, no ano passado, na General Motors, na Ford e na Stellantis.
A greve na Boeing, em contrapartida, ainda não teve um impacto econômico mensurável nas companhias aéreas até agora.
O prejuízo à Boeing
As entregas da Boeing para muitas companhias aéreas já estavam atrasadas, em virtude de uma explosão na tampa da porta de um Boeing 737 Max, em janeiro, que levou ao aumento da supervisão pela Administração Federal de Aviação (FAA).
O sindicato informou à CNN, na quarta-feira 18, que as negociações estão longe de um consenso e que, com a empresa prestes a conceder licenças a muitos funcionários não sindicalizados, as perdas podem chegar a US$ 1 bilhão (R$ 5,4 bilhões) no começo da próxima semana.
As maiores perdas até agora vêm da quase paralisação da produção de aviões comerciais da Boeing. Anderson estima que a empresa perdeu US$ 445 milhões (R$ 2,4 bilhões) na primeira semana da greve, pois não conseguiu concluir e entregar aeronaves aos clientes. A Boeing obtém a maior parte do dinheiro de uma venda de aeronave somente depois da entrega do avião.
Trabalhadores sofrem
A escala salarial mais alta para os membros do sindicato na empresa é de US$ 51,30 por hora, ou US$ 2.052 por uma semana de 40 horas, embora haja vários prêmios salariais além disso, bem como horas extras.
O CEO da Boeing, Kelly Ortberg, disse aos funcionários em um e-mail na quarta-feira que a empresa iniciaria licenças de um grande número de trabalhadores não sindicalizados nos próximos dias e que os licenciados ficariam de folga, sem remuneração, por uma semana a cada quatro durante a greve.
No início da semana, a empresa anunciou um congelamento de contratações, bem como uma interrupção em novos pedidos de fornecedores e vendedores para economizar dinheiro.
Os desafios da Boeing
A Boeing tem um longo caminho de volta à lucratividade, independentemente da duração da greve. Ela está limitada na taxa em que constrói jatos 737 Max, já que a FAA supervisiona os esforços para melhorar a qualidade de sua linha de montagem.
O próximo jato planejado pela Boeing, o 777X, crucial para um retorno à lucratividade, teve problemas em seus voos de teste e está anos atrasado em ser certificado para transportar passageiros.
A Boeing não teve o dinheiro necessário para desenvolver um novo modelo de jato para atender ao mercado, e suas vendas ficaram muito atrás da rival Airbus.
Produção em outras fábricas
A empresa tem uma fábrica não sindicalizada na Carolina do Sul, que continua a construir o 787 Dreamliner. Mas, embora esse avião seja a aeronave mais cara da empresa, a fábrica produziu apenas 32 jatos nos primeiros oito meses do ano.
O Max, assim como dois modelos de cargueiros, o 777F e o 767F, são construídos em plantas sindicalizadas fechadas pela greve. A greve também custará cerca de US$ 10 milhões (R$ 54 milhões) em perdas locais, incluindo em empresas próximas às fábricas.