O governo da Síria, mesmo depois de mudanças políticas internas e da queda de Bashar al-Assad, tem dado espaço para que a Jihad Islâmica Palestina (PIJ) atue em seu território, informa a a Alma Research and Education Center, de Israel.
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O estabelecimento do grupo na capital síria significa uma possível aliança tácita ou apoio implícito ao grupo. O fato de o PIJ operar livremente na Síria sem intervenção significativa das autoridades locais sugere que o regime sírio tem interesse em manter essa colaboração, alinhando-se aos objetivos regionais do Irã e à resistência contra Israel.
“Não parece que o novo regime em Damasco esteja impedindo isso [o estabelecimento do PIJ]”, declara documento da Alma, organização sem fins lucrativos dedicada ao estudo dos desafios de segurança nas fronteiras norte do país com o Líbano e a Síria.
Nos últimos anos, o PIJ vem consolidando sua presença na região, com uma sede principal em Damasco, que também funcionava como residência de seus líderes, Ziyad Nakhalah e Akram al-Ajouri, figuras proeminentes da PIJ.
A presença deles em Damasco configura uma relação direta do regime sírio com as ações na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, regiões de atuação do grupo terrorista, aliado do Hamas.
Depois da queda do regime de Assad e da instabilidade gerada pela guerra, a localização atual do grupo se tornou incerta, com especulações de que o PIJ possa ter se refugiado no Irã. Contudo, o fato de suas operações continuarem na Síria, sem grandes obstáculos, aponta para o apoio tácito do novo governo sírio.
A PIJ esteve envolvida nos ataques de 7 de outubro de 2023 a Israel. Atuou em conjunto com outras facções terroristas palestinas.
Com laços estreitos com o Irã e o Hezbollah, o PIJ tem operado em estreita cooperação com esses aliados.
A localização atual do grupo é desconhecida, sendo possível que os integrantes estejam sediados no Irã, segundo a entidade.
Com financiamento iraniano, o PIJ recrutou extremistas para realizar atividades terroristas contra Israel a partir do território do Líbano, com o aval do Hezbollah.
Essa colaboração permite ao PIJ expandir suas operações, ao se aproveitar da fragilidade e do interesse do regime sírio e das lacunas deixadas pela guerra.
Ataque de Israel à Síria e alerta ao novo governo
O ataque das Forças de Defesa de Israel em 13 de março último a uma das sedes do PIJ no noroeste de Damasco reforça a percepção de Israel de que o grupo continua sendo uma ameaça significativa.
Na ocasião, o próprio ministro da Defesa de Israel fez questão de citar o novo presidente sírio, Abu Mohammed al-Julani.
“[Abu Mohammed] al-Julani trocou seu manto por um terno e apresentou um rosto moderado”, disse Katz em uma declaração, ao usar o nome de guerra do presidente interino sírio Ahmed al-Sharaa.
A declaração de Katz ocorreu em 7 de março, dias depois dos massacres atribuídos ao governo sírio contra a minoria alauíta e de cristãos, que resultaram na morte de mais de 1 mil pessoas.
“Agora ele tirou a máscara e expôs seu verdadeiro rosto: um jihadista terrorista da escola da Al-Qaeda que está cometendo atos horríveis contra uma população civil.”
A continuidade dessas operações e a aparente conivência do governo sírio com o PIJ têm um objetivo. O regime de Damasco, mesmo depois da guerra síria, tem interesse em manter uma rede de resistência a Israel, ao utilizar o PIJ como um aliado estratégico.
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Israel, que mantinha um estado de alerta, com alguns ataques à Síria, durante o regime do ditador Assad, se prepara para, se necessário, abrir mais uma frente de guerra. Assad e o PIJ sempre foram aliados do Irã.
Com um novo regime sírio ainda pouco inserido na diplomacia e no comércio internacional, segundo Israel, há um risco de o país se tornar mais um sustentáculo do terrorismo na região.