O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, confirmou, na quarta-feira 17, que especialistas russos e norte-americanos tiveram conversas secretas sobre a guerra com a Ucrânia. Os dois países teriam usado as reuniões para tentar encontrar soluções para o conflito.
De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, as tratativas se iniciaram há mais de um ano. As discussões, no entanto, não chegaram a resultados concretos.
“Tivemos contatos antes não divulgados com norte-americanos por meio de cientistas políticos que conheciam e entendiam as políticas de seus governos”, afirmou Lavrov, durante reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.
O diplomata russo, contudo, não detalhou todos os temas debatidos, mas confirmou que um dos pontos comentados foi a situação dos russos étnicos na Ucrânia.
Antes da guerra, em 2022, o governo de Volodymyr Zelensky aprovou leis que restringiam, por exemplo, o uso do idioma russo no sistema educacional.
Ainda de acordo com a Folha de S.Paulo, as conversas abordavam itens específicos que poderiam integrar futuros acordos de paz. Trata-se de uma triagem do que poderia ser aceitável para ambos os lados.
Governos da Rússia e dos EUA autorizaram as reuniões
Tanto a Rússia quanto os Estados Unidos autorizaram as reuniões, embora sem caráter oficial. No encontro mais recente, no início do ano, na Turquia, discutiu-se a neutralidade da Ucrânia — uma das exigências de Vladimir Putin para encerrar a invasão.
Lavrov não confirmou sua participação nos encontros. Contudo, a rede de televisão NBC noticiou, em abril do ano passado, que ele havia se reunido secretamente com ex-funcionários da área de defesa e segurança nacional em Nova York.
As negociações oficiais sobre o conflito ocorreram no início da guerra, em Belarus e na Turquia, com delegações da Rússia e da Ucrânia.
Os dois países chegaram a elaborar um documento com termos favoráveis ao Kremlin, mas fracassaram com o crescente apoio ocidental a Kiev.
A Rússia é um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, com direito a veto. No órgão, os russos são inimigos dos EUA, do Reino Unido e da França, todos vencedores da Segunda Guerra Mundial e potências nucleares.