O plebiscito na Venezuela, marcado para o domingo 3, com o intuito de decidir se deve tentar anexar a região de Essequibo, que é território da Guiana, tem um ponto crucial: as reservas de petróleo no território da Guiana.
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Único país de língua inglesa na América do Sul, conforme destaca matéria do jornal O Estado de S. Paulo, a Guiana teve uma transformação a partir da descoberta de petróleo bruto no país, em 2015, pela empresa americana ExxonMobil.
Atualmente, a ex-colônia britânica possuí cerca de 11 bilhões de barris de reservas provadas de petróleo bruto, algo em torno de 0,6% do total mundial. A produção, que começou três anos atrás, agora está aumentando o ritmo.
A estimativa é que, até 2028, o país chegue a produzir 1,2 milhão de barris por dia. Seria uma marca que hoje tornaria a Guiana um dos 20 principais produtores de petróleo.
A Guiana é uma das economias que crescem de forma mais rápida no mundo. O receio no governo e entre produtores é que o país nem consiga explorar o potencial petrolífero disponível.
Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), conta o Estadão, o crescimento no país foi de 62% no ano passado e deverá somar mais 37% este ano. Trata-se da taxa de crescimento mais rápida em qualquer lugar do mundo.
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O desafio no país é, ao mesmo tempo em que cresce por causa do petróleo, seguir as determinações do Acordo de Paris de 2015. Na ocasião, os países prometeram reduzir as emissões de gases com efeito de estufa para zero até 2050. Desta maneira, teria de ser reduzida a utilização de petróleo.
O presidente do país, Irfaan Ali, chegou a admitir que o tempo “não está do seu lado”, em entrevista à BBC. Acrescentou, porém, que a Guiana está fazendo de tudo para aumentar a produção de petróleo cada vez mais.
A ExxonMobil, de acordo com o Estadão, e seus parceiros não estão perdendo tempo em lançar o país no mercado.
“É um objetivo do governo, e nosso também, acelerar o desenvolvimento dos recursos aqui o mais rápido possível”, disse Meghan Macdonald, porta-voz da empresa. O grupo, neste sentido, quer, em parte, maximizar os lucros enquanto os preços do petróleo estão altos.
A “nova era” na Guiana reanimou a produção de petróleo da América Latina. A Agência Internacional de Energia, em estudo recente, informou que a produção global aumentará 5,8 milhões de barris por dia até 2028.
Perto de um quarto da oferta adicional virá da América Latina, superando quase uma década de queda na produção da região. A produção na Argentina, no Brasil e na Guiana crescerá, enquanto haverá decréscimo no resto do mundo.
Sucateamento venezuelano
A descoberta na Guiana ocorreu em paralelo ao sucateamento da indústria petrolífera da Venezuela, lembrou o Estadão. O país está afundado em casos de corrupção e mau gerenciamento.
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A situação do setor piorou com as sanções impostas pelos Estados Unidos em 2017. A estatal petrolífera venezuelana (PDVSA), que em 2008 produzia mais de 3 milhões de barris por dia, hoje, produz apenas 800 mil, segundo a Reuters.
Neste contexto, a Venezuela lançou uma ofensiva contra a Guiana. O pretexto foi o leilão de exploração de petróleo anunciado pela Guiana este ano. Para o governo venezuelano, Georgetown não tem o direito de lançar concessões em áreas marítimas na região.
A disputa vem desde 2015. Agora está atingindo seu ápice. Naquele ano, a Venezuela em crise já dava o sinais do colapso que estava por vir. A inflação disparava e o governo se afundava em dívidas. Para desviar o foco, o ditador Nicolás Maduro prometia uma “grande vitória”: a retomada do Essequibo.
Definição das fronteiras
Com a declaração de independência em relação à Espanha, em 1811, a Venezuela, avançou em direção ao rio. Depois de voltar por um período a ser colônia, efetivou sua libertação em 1813.
No ano seguinte, o Reino Unido assumiu o controle do que hoje é Guiana, em um acordo com a Holanda. O país ficou conhecido por anos como Guiana Inglesa. A coroa Britânica ficou com o território em disputa.
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A Venezuela, nas décadas seguintes, reivindicava territórios na fronteira e recorreu à ajuda dos Estados Unidos, algo que hoje seria impensável. Em 1899, contou o Estadão, um tribunal composto por dois americanos (indicados pela Venezuela), dois britânicos e um russo definiu que o território pertencia à então Guiana inglesa.
Cinco décadas depois, a Venezuela voltou reivindicar o território, com o argumento de que o juiz russo fez parte de um complô com os britânicos. Em 1966, meses antes da independência da Guiana, um acordo em Genebra, abriu o caminho para um consenso negociado, mas nunca houve solução definitiva.
Maduro não desiste de seus objetivos expansionistas. Uma nova faceta do ditador.
“Recorremos ao acordo de Genebra, que se firmou quando o Reino Unido decidiu dar a independência à Guiana, segundo o qual as partes se comprometem a buscar uma solução prática”, justificou o presidente venezuelano, em vídeo que celebrava os 55 anos da negociação. “Então esse território historicamente e legalmente é venezuelano, todo ele, até o rio Essequibo.”
O sapo barbudo, amigo intimo do Maduro, não poderá autorizar a Venezuela de passar nas estradas brasileiras para invadir a Guiana. A constituição proibe este fato e se o STF se meter nesta acho que os pintores de meio fio tem que tomar uma atitude.
O que a Venezuela não está contando é que os EUA está do lado da Guiana para defendê-los.