Pela segunda vez, cientistas registraram a imagem de um gato-palheiro-pampeano, de cor preta. Trata-se de uma espécie felina com mutação genética que altera a coloração de sua pelagem.
O animal foi encontrado no Campo de Instrução Barão de São Borja, popularmente conhecido como Saicã. É um território do Comando Militar do Brasil, no Rio Grande do Sul.
O último registro de um felino semelhante ocorreu em 8 de julho de 2021. Indivíduos da mesma espécie, com pelagem típica, haviam sido fotografados pelo grupo de pesquisadores em maio.
O zoólogo Fábio Dias Mazim, especialista em mamíferos silvestres da ONG Instituto Pró-Carnívoros, registrou a imagem do gato selvagem. O artigo foi publicado na revista Biota Neotropica, na sexta-feira 28.
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O gato-palheiro-pampeano é uma espécie endêmica do Pampa Brasileiro, do Uruguai e de uma pequena porção do extremo leste argentino. Esses felinos são considerados ameaçados de extinção.
A fotografia do gato selvagem em extinção
Para produzir a imagem, a equipe usou entre seis e nove câmeras trap — instrumento com sensores de movimento e/ou temperatura que dispara fotos automáticas no momento em que um animal passa por seu visor.
Os equipamentos foram distribuídos com uma distância de 500 metros, com foco em campos nativos, livres de agricultura por ao menos 40 anos.
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Visto a raridade do gato, os pesquisadores decidiram deixar as câmeras trabalharem ininterruptamente para realizar o registro. Mazim revela que o feito pode trazer mais atenção para este animal, algo essencial para garantir a tomada de medidas em prol de minimizar seu risco de extinção.
Os cientistas disseram que a informação de melanismo, o excesso de melanina na pele, é inédita e precisa ser investigada mais a fundo.
“Talvez possa estar associado à endogamia ou ao enfraquecimento genético de uma população com menos de uma centena de indivíduos restantes no planeta, ou talvez seja fruto de cruzamento parental”, explica Mazim.