O ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir-Abdollahian, além de culpar Israel, disse que os Estados Unidos (EUA) foram responsáveis pelo ataque de segunda-feira 1º ao consulado iraniano em Damasco. Isto porque, segundo ele, os EUA apoiam Israel.
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“As dimensões do ataque terrorista e do crime do regime israelense foram explicadas e a responsabilidade da administração norte-americana, sublinhada”, disse o ministro.
O representante iraniano fez a declaração por meio do Twitter/X e revelou que o encarregado de negócios suíços em Teerã foi convocado pelo Ministério das Relações Exteriores do Irã para analisar o atentado. A Suíça tem o papel de representante dos interesses dos EUA no Irã.
As palavras do diplomata realçam a crescente tensão entre os EUA e o Irã, que vê nos norte-americanos o maior aliado de Israel e representante máximo dos interesses ocidentais.
Em janeiro de 2020, o general iraniano Qassem Soleimani foi morto, ao lado de outros dois militares do país, em um ataque aéreo norte-americano em Bagdá.
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Soleimani comandava desde 1998 a Força Al Quds, unidade especial da Guarda Revolucionária, e, como um dos homens mais poderosos do Irã, era apontado como o mentor da estratégia militar e geopolítica do país.
No dia em que era lembrado o quarto aniversário da morte de Soleimani, o Estado Islâmico (Isis, na sigla em inglês) reivindicou autoria de um ataque com duas bombas que deixou mais de 80 mortos e cerca de 300 feridos no Irã.
O atentado teria ocorrido pelo fato de o grupo terrorista ser predominante sunita e considerar que os xiitas que predominam no Irã são apóstatas.
Mas não deixou, novamente, de ser um ataque ligado à morte de Soleimani, o que, na visão do Irã, tem relação com o último atentado, atribuído a Israel.
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Afinal, no ataque em Damasco, um dos sete mortos foi o general Mohammed Reza Zahedi, também conhecido como Hassan Mahdawi. Ele servia como comandante da Força Quds na Síria e no Líbano, um cargo similar ao de Soleimani.
Similaridade entre os ataques norte-americano e o atribuído a Israel
O ministro Amir-Abdollahian destacou que a posição de repúdio do Irã em relação aos EUA e a similaridade entre os ataques a Soleimani e a Zahedi foram colocadas de maneira aberta.
“Uma mensagem importante foi transmitida à administração norte-americana como apoiante do regime sionista”, acrescentou. “Os Estados Unidos deveriam ser responsáveis.”
Especialista em estratégia militar no norte de Israel, o instituto Alma Research divulgou nota na qual afirma que, do ponto de vista operacional, mortes desse tipo, assim como a de Soleimani, têm um efeito limitado. Mas essas ações, segundo a entidade, têm um caráter simbólico.
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“A eliminação do comandante da Força Quds, Qassem Soleimani, em janeiro de 2020, resultou numa diminuição das atividades operacionais”, declarou a Alma que, no entanto, completou. “Foi apenas uma questão de tempo até que a Força Quds retomasse as suas atividades anteriores, e o seu substituto, Ismail Qa’ani, assumisse a sua nova função. Todo mundo tem um substituto.”
Para a instituição, o objetivo vai além do operacional.
“Contudo, para além de um certo retrocesso operacional, a eliminação tem também um efeito simbólico-consciente-psicológico, que por vezes não é menos importante que o dano operacional de fato”, prossegue. “A sensação de infiltração e perseguição do inimigo devido à eliminação leva-o a deter e investigar a violação da segurança da inteligência. Esse caráter simbólico, portanto, não deixa de ter também um impacto nas operações.”
Em relação ao ataque atribuído a Israel, que não se pronunciou, a entidade Alma admite que a ação estaria dentro das estratégias das Forças de Defesa israelenses.
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“Supondo que isto seja verdade [a autoria de Israel], qualquer elemento ou formação militar que opere diretamente contra Israel no contexto do combate atual e que o ameace diretamente como resultado das suas atividades militares é um alvo óbvio.”