O conflito entre Israel e Hamas, neste momento, serve para o Irã esconder seu real interesse em evitar que a Arábia Saudita se aproxime do país judaico. A afirmação é do presidente da StandWithUs Brasil, André Lajst.
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A defesa da Faixa de Gaza, na visão do especialista, tem se mostrado um pretexto, dentro da estratégia política do país dos aiatolás.
“A Arábia Saudita estava quase fazendo a paz, o Irã viu um perigo existencial para si com os Acordos de Abraão (assinados com Emirados e Bahnrein)”, disse Lajst.
“A expansão de novas alianças poderia, literalmente, na visão do Irã, colocar o regime em completo isolamento, então eles precisavam de um conflito generalizado na região para bloquear essas aproximações.”
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Depois de realizar acordos diplomáticos com Emirados Árabes e Bahrein em setembro de 2020, aliados dos sauditas, Israel estava prestes a formalizar os laços com a Arábia.
Lajst considera que a tendência natural, desde os recentes acordos de Israel, denominados Acordos de Abraão, seria uma aproximação natural entre Israel e outros países árabes, incluindo a Arábia Saudita.
No dia 26 de setembro, pouco mais de uma semana antes dos ataques terroristas do Hamas, o ministro do Turismo de Israel, Haim Katz, se tornou o primeiro representante de Israel a fazer uma visita formal à Arábia Saudita.
Para o xiita Irã, esta seria a aliança entre seu inimigo dentro do Islã (por ser sunita), contra o seu maior inimigo fora do Islã, considera o dirigente.
Busca de tumultos em Israel
Por este enfoque, os ataques do Hamas contra Israel, apoiados pelo Irã, tiveram como intenção interromper esse processo de paz.
E mais. Os planos do Hamas e do Irã visavam ao início de uma insurreição árabe dentro e fora de Israel.
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“Eles esperavam que existisse um distúrbio generalizado de segurança, onde eles conseguiriam que Israel perdesse o controle nas fronteiras”, prossegue Lajst. “Assim, por esses planos, eles iriam obter seus objetivos de desetabilizar e conseguir destruir Israel, não aconteceu como eles esperavam.”
Como isso não ocorreu, o Irã, sentindo-se ameaçado, aumentou nesta sexta-feira, 10, o tom de sua retórica, de acordo com a visão de Lajst.
E, para isso, tem se apegado de forma ferrenha ao chamado “eixo de resistência”, montado por ele e que conta, além do Irã, com os grupos extremistas Hamas, Hezbollah, houthis (do Yêmen), Jihad Islâmica, Irmandade Muçulmana e Katibat Jabal al-Islam (com base na Síria), este não sendo considerado terrorista no mundo ocidental.
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“O Irã acaba terceirizando seus interesses para esses grupos”, acrescenta o líder da StandWithUs. “Nesse eixo da resistência, que também inclui o Estado Islâmico, o objetivo seria impor um regime que fizesse os países dominados por ele voltarem à Idade Média.”
Esses grupos radicais vitimizam não apenas judeus ou cristãos, mas população do próprio países em que eles atuam, completa Lajst.
Mudança na região
A aproximação entre Israel e Arábia Saudita estava bloqueada desde os anos 30, quando o rei Ibn Saud se recusou a tratar do assunto com o presidente norte-americano Franklin Delano Roosevelt.
Mas a postura beligerante iraniana, porém, é a própria causa de uma nova ordem dentro do Oriente Médio, segundo Lajst.
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Para ele, o que era impensável, se tornou uma valiosa opção, motivada por preocupações compartilhadas em relação ao Irã e suas atividades regionais.
O país quer proteger mercados, mas, acima de tudo, teme por sua sobrevivência, caso ocorra uma desvantagem em relação a rivais dentro e fora do mundo árabe.
Assim, Lajst entende que, acuado, o Irã se torna uma permanente ameaça na região. A maior causa iraniana, com isso, não é a palestina.