O ex-chefe do Mossad (Serviço de Inteligência de Israel), Yossi Cohen, afirmou em entrevista ao canal KAM 11 que Israel não mata os líderes do Hamas em Gaza por uma questão política.
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Capacidade para isso, as Forças de Defesa de Israel (FDI) têm, segundo ele. Com trânsito em várias alas da política local, Cohen é cotado para substituir Benjamin Netanyahu como primeiro-ministro, de acordo com o The Jerusalem Post.
A opinião dele, no entanto, é contestada por militares, para os quais Israel busca eliminar os líderes, mas eles permanecem o tempo inteiro escondidos.
Pelas informações da mídia israelense, o principal chefe do grupo terrorista, Ismail Hanyeh está abrigado no Catar, vivendo no luxo na capital, Doha. Hanyeh é chefe do comitê político da agremiação. Khalid Meshal também vive fora de Gaza, como representante do Hamas na Síria e no Golfo Pérsico.
Outros dois, porém, Yahya Sinwar e Mohammed Deif, o número dois e o coordenador de ações militares, respectivamente, ainda se mantêm em Gaza, possivelmente próximos à cidade de Khan Yunis, E não foram eliminados por Israel.
“Qualquer discussão como esta termina apenas com uma decisão política”, afirmou o ex-comandante do Mossad, entre 2013 e 2016. “A política, se quisermos, também pode mudar em relação aos altos funcionários do Hamas. A capacidade [de neutralizá-los], de acordo com publicações estrangeiras, existe.”
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Em outras ocasiões, Israel mostrou poder cirúrgico em encontrar e matar líderes influentes do grupo terrorista. Foram os casos dos assassinatos de Salah Shehade, comandante do braço armado do Hamas, em julho de 2002, e do líder do grupo, um ícone para essa ala radical, Ahmed Yassin, em março de 2004. Shehade foi morto em al-Daraj , na região da Cidade de Gaza e Yassin, na própria Cidade de Gaza.
Em janeiro deste ano, Israel matou Saleh al-Arouri, o vice-líder do Hamas, assassinado em um subúrbio de Beirute. Ele era acusado de planejar ataques contra Israel e ajudou a fortalecer a relação entre o Hamas e o Hezbollah, a milícia terrorista apoiada pelo Irã no Líbano. No entanto, era um alvo que morava fora da Faixa de Gaza, o que provavelmente foi determinante para sua morte.
Questão dos reféns tem influência
Na opinião de Cohen, a manutenção com vida dos líderes inimigos, que estão em Gaza e têm vínculos com parte da população, tem relação com uma estratégia das FDI.
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Ao se analisar os prós e contras de uma eliminação de alguém de relevância política, percebe-se que tal ação poderá insuflar ainda mais o ódio dos combatentes contra Israel.
Além de causar desconforto para Israel nas relações com aliados e na busca de negociações para a libertação dos cerca de 130 reféns que permanecem sob controle dos terroristas.
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“Em primeiro lugar, deve ser levado em conta se o alvo é relevante [do ponto de vista estratégico], se é um alvo físico ou de outro tipo [infraestrutura, por exemplo]”, afirma o estrategista militar. Para ele, deve ser analisado se é válido investir em pessoal de elite para uma ação com alvo individual, em meio à guerra.
“Em segundo lugar, [deve se levar em conta] se a unidade operacional designada para a tarefa é capaz de cumprir a missão e regressar em segurança.”