A final do Challenger 175, de Phoenix, Estados Unidos (EUA), vencida pelo tenista brasileiro João Fonseca, de 18 anos, neste domingo, 16, retratou em grande parte o potencial deste jovem prodígio. Ele soube, com maturidade, lidar com uma partida equilibrada, com amplo repertório de jogadas.
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Mas não se intimidou com a variedade do adversário, o cazaque Alexander Bublik (82º colocado no ranking). A cada ataque no fundo, procurava responder com criatividade e ousadia: acelerava com a direita e colocava a bola no contrapé, por exemplo.
Ele ainda mostrou que sabe jogar em qualquer piso. A vitória deste domingo, por 2 sets a 0, parciais de 7/6(7/5) e 7/6 (7/0), ocorreu em quadra rápida. Já o seu título anterior, em fevereiro, em Buenos Aires, foi conquistado no saibro.
No fim, o mais impressionante foi como ele decidiu resolver o jogo deste domingo, do qual, mesmo equilibrado, mantinha o controle. O segundo set, assim como o primeiro, foi decidido no tie-break. Nos momentos finais, ficou a impressão de que Fonseca ordenou a si mesmo: ‘Chega, vou acabar com essa enrolação”. E venceu por implacáveis 7/0, fechando o set decisivo.
Depois da conquista, a terceira neste ano, o jovem brasileiro já é chamado de Estrela da NewGen (nova geração) no próprio site da Associação dos Tenistas Profissionais (ATP).
Ele chegou à 62ª colocação no ranking, a melhor de sua carreira. Ainda no calor do jogo, Fonseca mostrou que agora está concentrado no próximo torneio, o Masters 1000, de Miami, que se inicia nesta semana.
“Estou feliz com o meu terceiro título de Challenger e é seguir para mais”, afirmou, em áudio enviado a Oeste. “É partir para a Miami e vamos com tudo.”
Essas palavras, cheias de coragem e confiança, nem parecem ditas por um jovem nascido em 2006 e que já enfrenta profissionais de altíssimo nível. Quando Fonseca nasceu, Novak Djokovic estava em seu segundo ano como profissional e faturava seu primeiro Masters 1000.
Roger Federer era o tenista a ser batido e Andy Murray, bicampeão de Wimbledon (2013 e 2016), entre outros, dava seus primeiros passos, com 19 anos. Desde então, uma vida se passou. No caso dele, uma vida surgiu e se encaminhou. O tempo passa rápido. Mas, de uma maneira tão veloz com um saque, Fonseca se formou, desabrochou e já começa a se consagrar.
Tom de veterano
A consciência do que ele quer em quadra é refletida em suas palavras objetivas. Como se ele tivesse nascido com o DNA do tênis e já assimilasse, ainda criança, as declarações confiantes de Djoko e Murray.
“O jogo foi difícil, com um jogador muito habilidoso, que estava sacando muito bem e nas devoluções estava queimando muitas bolas, porque confiava muito no seu saque”, analisou Fonseca, já detectando as virtudes e as precipitações do adversário. Ele prosseguiu, em tom de veterano.
“Ao mesmo tempo, ele subia muito para a rede e estava fazendo muito bem as transições, bolas sensacionais de passadas, de drops“. O jovem brasileiro, comunicativo como um bom carioca, demonstrou que cada jogo tem detalhes específicos e é preciso estar preparado para os imprevistos.
“Então, eu sabia que isso acontecia, mas não com tanta frequência, perdi muitas oportunidades ali no primeiro set, tive duas vezes para sacar para o jogo, mas acontece, consegui ficar firme no jogo, firme no tie-break, foi por um ponto ali no tie-break que eu fechei, então isso foi importante, minha mentalidade de jogador maduro.”
Paciência é outra característica que ele está tentando aperfeiçoar, segundo disse.
“Então, muito feliz com isso e, no segundo set, fui ali lutando para quebrar, mantendo, obviamente mantendo com o meu saque, focando no meu saque e ao mesmo tempo tentando quebrar, tive algumas oportunidades e não consegui.”
Até a vitória, o diálogo interno é permanente. Ela chega, quando a conversa é construtiva e pacífica. Quando um lado culpa o outro, geralmente quem perde é o todo, no caso, o jogador.
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“Eu acho que tive vários break points de todos os games, quase, que ele sacou, mas não consegui, fui me remoendo, mas ao mesmo tempo fui forte para o tie-break, comecei o tie-break desde o começo muito sólido, muito confiante e consegui fazer um tie-break sensacional.”
Como outros campeões, mais do que empolgação, a forma que Fonseca está encontrando para encarar as vitórias é a mesma que a das derrotas: cada jogo, para ele, é um aprendizado. Basta ouvir o que ele diz.