A jornalista investigativa russa Elena Milachina e o advogado o Alexander Nemov foram hospitalizados depois de serem agredidos violentamente por um grupo de homens mascarados.
As cenas de violência ocorreram em Grózni, na capital da república russa da Chechênia. A repórter viajou à capital chechena para realizar uma cobertura jornalística.
Nesta terça-feira, 4, a ONG de direitos humanos Memorial relatou que o carro que levava a jornalista e seu advogado foi atacado por homens armados numa estrada.
Os homens mascarados retiraram a repórter do veículo, rasparam sua cabeça, quebraram dedos de sua mão e a cobriram de tinta verde. Já o advogado foi esfaqueado na perna, e os equipamentos da dupla foram destruídos.
Segundo o comunicado da ONG, enquanto eram espancadas, as vítimas ouviram: “Vocês foram avisados. Saiam daqui e não escrevam nada”.
Milachina é conhecida por cobrir temas ligados a direitos humanos e pela posição crítica à guerra contra a Ucrânia. A jornalista e o advogado viajaram para a região com o objetivo de acompanhar a audiência de Zarema Musaieva, suspeita de ser perseguida por motivos políticos.
Zarema é acusada de agressão a um policial e fraude num caso que críticos veem como vingança pela fuga da Chechênia de seus dois filhos, que são ativistas sociais, e do marido, um juiz federal.
“Foi um sequestro clássico”, disse Milachina, ao receber atendimento hospitalar. “Eles imobilizaram nosso motorista, jogaram-no para fora do carro, abaixaram nossas cabeças, amarraram minhas mãos, me ajoelharam e apontaram uma arma para a minha cabeça.”
A resposta do Kremlin
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que o “ataque é muito sério” e que informará o presidente russo, Vladimir Putin, sobre o incidente. Segundo o político, é necessária uma “investigação enérgica”.
O caso é o mais recente ato de violência e intimidação contra jornalistas russos na Chechênia — pequena ditadura comandada por Ramzan Kadirov, aliado de Putin.
O país restringiu o trabalho de repórteres com leis que permitem a juízes darem sentenças de até 15 anos caso considerem que alguém espalhou “fake news” ou difamou as Forças Armadas.