O banco norte-americano JPMorgan Chase vai pagar US$ 290 milhões como indenização para as vítimas do bilionário pedófilo e traficante sexual Jeffrey Epstein. Todavia, mesmo com o pagamento do valor, o acordo não vai incluir a admissão de responsabilidade por parte do banco.
O anúncio do acordo foi divulgado nesta segunda-feira, 12, poucas horas antes de um juiz da Corte de Nova Iorque decidir que o caso deve prosseguir como uma ação coletiva contra o JPMorgan Chase, por ter favorecido os crimes de Epstein.
Epstein morreu suicida em 2019 em uma prisão de Nova York, semanas depois que as autoridades federais o acusaram de traficar meninas para abusar delas.
Mesmo acusado de pedofilia, Jeffrey Epstein continuou frequentando poderosos nos EUA
Apesar de seu histórico criminal, Epstein cultivou amizades e relacionamentos entre as pessoas mais ricas e poderosas do mundo.
Entre elas, o cofundador da Microsoft, Bill Gates, o príncipe Andrew do Reino Unido e os ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton e sua esposa, Hillary Clinton, a ex-secretária de Estado do governo Barak Obama.
Segundo o próprio juiz Jed Rakoff, o número de vítimas de Epstein que ingressaram com a ação coletiva deveria superar as 40.
Além disso, o juiz escreveu em sua decisão que o JPMorgan “sabia ou deveria saber da atividade de tráfico sexual de Epstein”.
Epstein levava suas vítimas para as Ilhas Virgens, onde possuía uma ilha particular onde abusava sexualmente de meninas. Segundo elas, o JPMorgan continuou trabalhando com Epstein depois de saber que ele era um predador sexual e teria facilitado seus crimes.
O JPMorgan negou qualquer irregularidade e diz que se arrepende de ter Epstein como cliente.
O banco norte-americano confirmou o acordo em nota, salientando como “as partes acreditam que este acordo é do melhor interesse de todas as partes, especialmente das vítimas sobreviventes dos terríveis abusos de Epstein”.
O anúncio do acordo ocorre um mês depois que outro banco, o Deutsche Bank, também fechou um acordo com as vítimas de Epstein, aceitando pagar uma indenização de US$ 75 milhões.
O bilionário tinha se tornado cliente do Deutsche Bank depois de ter sido forçado a sair do JPMorgan, em 2013.
O acordo ocorre cerca de uma semana depois que o CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, prestou depoimento no Tribunal nos processos sobre Epstein.
Dimon disse que mal conhecia Epstein até 2019, quando as autoridades federais o prenderam.
JPMorgan define comportamento de Epstein como “monstruoso”
Em nota, o JPMorgan definiu o comportamento de Epstein como “monstruoso” e salientou como as vítimas “sofreram abusos inimagináveis nas mãos deste homem”.
“Qualquer associação com ele foi um erro e lamentamos. Nós nunca teríamos continuado a fazer negócios com ele se acreditássemos que ele estava usando nosso banco de alguma forma para ajudar a cometer crimes hediondos”, informou o banco.
O acordo ocorreu após reivindicações apresentadas no ano passado por uma mulher que se manteve anônima, identificada pelo pseudônimo de Jane Doe.
Segundo ela, o banco conscientemente se beneficiou e facilitou a operação de tráfico sexual de Epstein.
A mulher, que alega ter sido estuprada por Epstein e vítima do trafico sexual, processou o JPMorgan em nome de um “grande número” de outras vítimas.