A junta militar de Mianmar anunciou nesta quinta-feira, 11, novas acusações de corrupção contra a ex-chefe de governo Aung San Suu Kyi, enquanto continua reprimindo manifestações opositoras ao golpe, sem considerar a condenação por parte da Organização das Nações Unidas (ONU). As forças de segurança realizaram operações ontem, quarta-feira 10, no distrito de Sanchaung de Yangon, a capital econômica do país, que incluíram buscas de armas em apartamentos. “Usaram bombas de efeito moral em todas as ruas”, disse um morador do distrito, foco de tensão desde o início da semana. “Pedimos aos nossos amigos que estão fora de suas casas para não voltarem”, alertou.
Os militares anunciaram também novas acusações de corrupção contra Aung San Suu Kyi, derrubada em 1º de fevereiro. Incomunicável desde então, ela teria recebido suborno de US$ 600 mil mais 11 quilos de ouro. As denúncias surgem horas depois de o Conselho de Segurança das Nações Unidas, por unanimidade de seus 15 membros — entre eles China e Rússia, tradicionais aliados dos generais birmaneses —, criticar a violência do regime militar e pedir “moderação máxima”.
A organização dos direitos humanos Anistia Internacional denunciou nesta quinta-feira as “execuções extrajudiciais” e o uso de armas de guerra. Em nota, a ONG afirmou que analisou 55 vídeos, filmados entre 28 de fevereiro e 8 de março por cidadãos e por meios de comunicação locais, que mostravam que “a força letal é usada de forma planejada, premeditada e coordenada” pelos militares.
O golpe de Estado, que usou como justificativa supostas fraudes eleitorais nas eleições legislativas de novembro vencidas pelo partido de Aung San Suu Kyi — Liga Nacional para a Democracia (LND) —, encerrou uma década de transição democrática em Mianmar.
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Com informações da agência de notícias France-Presse.