Caracas amanheceu sob tensão nesta sexta-feira, 10, diante da promessa do ditador Nicolás Maduro de tomar posse da Presidência da Venezuela por mais seis anos, a partir de hoje. Enquanto isso, o representante da oposição, Edmundo González, garantiu que deixaria a República Dominicana para ocupar o cargo para o qual foi legitimamente eleito, segundo apuração de organizações independentes, como o Center Carter, dos Estados Unidos.
+ Leia mais notícias de Mundo em Oeste
Jorge Rodríguez, presidente do Legislativo e figura importante da ditadura no país, anunciou que a cerimônia de posse de Maduro ocorreria ao meio-dia. Mesmo sem o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) jamais ter apresentado nenhuma ata eleitoral que comprovasse a sua vitória, o líder do regime garantiu que vai permanecer no poder. O Judiciário da Venezuela, um aliado de Maduro, validou a “eleição” do ditador.
Maduro deve cumprir seu terceiro mandato, apesar do reconhecimento do êxito de González nas urnas pelo Parlamento Europeu e pelos 35 países que compõem a Organização dos Estados Americanos (OEA), principal fórum governamental político, jurídico e social do hemisfério.
+ Parlamentares criticam silêncio de Lula diante do sequestro de María Corina
Tais organizações já declararam que as eleições na Venezuela foram fraudulentas. Por isso, a presença internacional na tomada de poder terá somente representantes de países ideologicamente alinhados ao regime.
A China vai enviar Wang Dongming; a Rússia, Viacheslav Volodin. Brasil, Colômbia e México optaram por mandar apenas embaixadores, refletindo um crescente isolamento diplomático na Venezuela.
Esperança de apoio externo à oposição na Venezuela
Internamente, a oposição continua a apelar às Forças Armadas para romperem com Maduro, mas enfrenta a lealdade militar ao regime. Phil Gunson, analista da Crisis Group, disse à Folha de S.Paulo que “as mensagens de González aos militares e à polícia para que fiquem do seu lado são contraproducentes, porque os une mais em torno da ditadura”.
+ MST participa de motociata em apoio à ‘posse’ de Maduro
Externamente, a oposição já se reuniu com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em busca de apoio, na segunda-feira 6. Agora, aguarda o retorno de Donald Trump à Presidência dos EUA, na esperança de uma postura mais rígida contra o ditador.
Depois da detenção da oposicionista María Corina Machado, nesta quinta-feira, 9, Trump expressou apoio à líder, mas não detalhou sua possível futura estratégia para salvar o povo venezuelano.
Maduro instalou um colapso político e econômico sem precedentes na Venezuela e promoveu uma onda de repressão que levou 1,8 mil prisioneiros políticos à prisão. A crise generalizada motivou o êxodo, e quase 8 milhões de cidadãos já deixaram o país.
Leia também: “Comissão Interamericana de Direitos Humanos critica ditadura de Maduro e fala em ‘terrorismo estatal’”
Se fosse no Brasil, Edmundo Gonzáles já estaria sendo investigado no inquérito das fake news, por ir de encontro ao resultado das eleições, chancelado pelo STF da Venezuela.
Temos que rir muito da ditadura do judiciário.