De acordo com a Pesquisa Nacional de Condições de Vida (Encovi), divulgada nesta quarta-feira, 13, pelo Instituto de Pesquisas Sociais da Universidade Católica Andrés Bello, 51,9% dos cidadãos da Venezuela estavam em situação de pobreza extrema em 2023.
As estatísticas refletem o baixo impacto das medidas recentemente aplicadas pela ditadura de Nicolás Maduro, que pretendem flexibilizar os controles da economia e estimular uma dolarização informal. A porcentagem é superior ao registro de 2022, quando a população pobre correspondia a 50,5% do total.
Para chegar ao índice, a instituição considerou critérios que caracterizam “pobreza multidimensional”, como o nível de renda e o acesso a serviços gerais, educação e saúde. A pesquisa é realizada desde 2014 para suprir a falta de dados públicos sobre os temas na Venezuela. Em 2023, foram entrevistadas famílias de 16,2 mil domicílios, entre os meses de março e maio.
Leia também: “Oposição na Venezuela segue sem candidato”
Entre os mecanismos mais comuns com os quais as pessoas contam para atenuar a pobreza, estão os bônus que a ditadura chavista concede a cerca de 80% das famílias.
O estudo evidencia que o nível de pobreza permanece crescendo mesmo em meio a investimentos públicos em programas de transferência de renda. Dos entrevistados, 79,5% disseram ter recebido algum benefício do tipo nos últimos 12 meses.
Dentre as medidas do governo venezuelano, está um programa social lançado para “combater a desigualdade e a miséria” que inclui a distribuição de mais um bônus por meio de um sistema digital. O bônus vale cerca de US$ 11, equivalente a R$ 54. Em janeiro, Maduro aumentou o valor de um dos bônus destinados a trabalhadores para U$ 100.
Leia também: “Estadão: Lula quer pôr a Petrobras a serviço da ideologia, como fez a ditadura da Venezuela”
O espaço de desigualdade entre as classes sociais também continua a crescer no país. Enquanto a renda per capita do grupo mais pobre é de US$ 10 por mês, a do grupo mais rico é de US$ 347,20. Os valores têm uma diferença de quase 35 vezes.
Outras informações sobre a vida na Venezuela
Ainda segundo a pesquisa, em 2023, cerca de 3 milhões de venezuelanos ficaram mais de 24 horas sem comer por não terem dinheiro para comprar comida. Isso corresponde a 12,2% da população. E 82% dos participantes se disseram preocupados em ficar sem comida em casa.
A cobertura de serviços educacionais para a população de 3 a 24 anos, por exemplo, atingiu 66% em 2023, contra 63% em 2022. O maior valor registrado foi em 2016, com uma cobertura de 76%.
Ao nível de serviços de saúde, 10% dos entrevistados disseram não ter dinheiro para pagar por atendimento médico. Em 2022, o índice era de 8%.
Leia também: “Venezuela acusa governos Biden e Milei de ‘roubo descarado'”
A atividade com mais pessoas na pobreza é a agricultura, já que 73,4% dos venezuelanos que cultivam a terra não conseguem cobrir suas necessidades básicas. Já 69,9% dos que trabalham com finanças são “não pobres”.
Milhões de aposentados e trabalhadores recebem um salário mínimo de 130 bolívares, equivalente a US$ 3,58, o que faz com que essas pessoas, apesar dos bônus que recebem, não consigam cobrir despesas primárias.
+ Leia mais notícias do Mundo em Oeste
Até na Papua Nova Guiné se vive melhor.