O presidente da Argentina, Javier Milei, disse na terça-feira 26 que vai convocar um plebiscito caso o Congresso rejeite seu Decreto de Necessidade de Urgência (DNU), que revoga cerca de 300 leis. Em entrevista à televisão LN+, o libertário disse que pediria aos integrantes do Legislativo para explicarem “por que estão contra o povo”.
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Segundo Milei, existe uma “lentidão” no Congresso da Argentina por causa de “alguns legisladores”, que buscam por “subornos”. Contudo, não citou nomes de congressistas específicos. “Isso aponta justamente contra os corruptos”, disse. “Uma das coisas que procuram é entrar nessa dinâmica para vender seus votos.”
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De acordo com o presidente da Argentina, os supostos corruptos “não conseguem aceitar que perderam, que o povo escolheu outra coisa”. Para Milei, “aqueles que gostam tanto de discutir os mínimos detalhes é porque estão procurando subornos”.
“Tomem cuidado”, alertou o presidente da Argentina. “Esse DNU se volta para os corruptos. Há muitos bandidos e criminosos por aí.”
Milei diz que queda na taxa de câmbio mostra apoio às medidas
O presidente argentino disse ainda que a queda na diferença da taxa de câmbio mostrou apoio às medidas de seu programa econômico. Segundo Milei, “isso significa que o programa foi aceito”.
“O programa econômico foi tão bem recebido que, ao contrário de outros casos, em que o câmbio permaneceu constante ou aumentou, conseguimos comprimir o câmbio em um contexto em que também reduzimos a taxa de juros, risco-país e todos os ativos financeiros argentinos apresentaram um grande aumento”, argumentou Milei.
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Além disso, o presidente confirmou que o governo vai imprimir cédulas de 20 mil e 50 mil pesos, embora aleque que “as cédulas são uma tortura”. “Imagine se você tiver de fazer um pagamento em dinheiro e tiver de carregar um maço de papéis com você, o que coloca uma etiqueta na sua testa que diz roube aqui“, disse.
Congresso da Argentina debate “megadecreto” de Milei
O Congresso da Argentina iniciou, nesta terça-feira, sessões extraordinárias convocadas por Milei para debater leis complementares ao megadecreto de desregulação econômica. A discussão seguirá até 31 de janeiro.
Em paralelo, o governo argentino anunciou ontem que não vai renovar contratos de cerca de 5 mil funcionários públicos no próximo ano, que vencem até o dia 31. Os demais contratos, segundo o porta-voz da Presidência, Manuel Adorni, entrarão em um processo de revisão de 90 dias.
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Uma das propostas, cuja reversão vai ser debatida, é a do Imposto de Renda, que aumentou o piso da isenção para assalariados e autônomos. A mudança foi aprovada há apenas três meses, a partir de uma iniciativa do ex-ministro da Economia Sergio Massa, na época candidato à Presidência. Apesar de considerada eleitoreira, medida teve o apoio do próprio Milei, que ainda era deputado.
O Liberdade Avança, de Milei, iniciou as conversações com os blocos de oposição tanto na Câmara como no Senado, em busca de apoio às propostas — algumas das quais exigem maioria nas duas Casas.
As iniciativas fazem parte do pacote anunciado em 12 de dezembro e são temas que não podem ser alterados por Decretos de Necessidade e Urgência (DNU) — instrumento usado pelo libertário para desregulamentar a economia e equivalente à brasileira Medida Provisória (MP).
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Da-lhe Milei. É preciso coragem para mudar.