O evento que deveria ser apenas o lançamento do novo livro de Javier Milei sobre teoria econômica transformou-se em um verdadeiro espetáculo. No Luna Park, um conhecido local de eventos em Buenos Aires, na noite de quarta-feira, 22, o presidente Milei cantou rock com uma banda e atacou a esquerda.
Segundo sua equipe, os custos do evento foram cobertos pelo próprio presidente e parceiros, sem envolver recursos estatais. A performance musical foi uma tática de marketing. Na juventude, Milei, que hoje tem 53 anos, participou de uma banda de rock chamada Everest. Ele não toca instrumentos nem tem formação em canto, mas considera o canto algo intuitivo, como mencionou há alguns anos.
Chegada triunfal e lançamento de livro
Milei chegou ao palco com quase uma hora de atraso e foi recebido com aplausos em um local quase cheio, que tem capacidade para cerca de 6 mil pessoas. A música principal, um marco de Milei, incluía frases como “eu sou o rei” e “sou o leão”, animal que ele adota como símbolo pessoal, e criticava a classe política tradicional, a qual ele denomina de casta.
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Milei lançou o livro Capitalismo, Socialismo y la Trampa Neoclásica, uma obra de 376 páginas publicada pela editora Planeta. Este é o 13º livro do autor. O primeiro capítulo é uma coletânea de discursos de Milei desde sua posse em dezembro.
Críticas ao socialismo e defesa do liberalismo
Nos outros dois capítulos, conta a Folha de S.Paulo, ele teoriza e intensifica suas críticas ao socialismo e ao Estado de bem-estar social, além de defender o liberalismo. Ele argumenta que o mercado nunca falha e, portanto, não necessita de intervenções estatais para garantir direitos.
“As falhas do mercado não existem”, ele declara. “Como as trocas no mercado são voluntárias e representam um processo de cooperação social, evidentemente não há razões para falhas, a menos que ocorra uma ação violenta ou coercitiva que cause distorções”, continua. “Nesse contexto, o Estado é o único ente que sistematicamente comete esse delito.”
Posicionamentos polêmicos e desafios políticos
Milei criticou o Foro de São Paulo e o Grupo de Puebla, que congregam partidos e líderes de esquerda, além do kirchnerismo, seu antecessor no governo. Ele também se posicionou brevemente contra o aborto, descrevendo-o como um mecanismo para massacrar populações, o que foi recebido com aplausos. Sua coalizão, Liberdade Avança, pretende reverter o direito à interrupção voluntária da gravidez, já legalizada no país.
O presidente mobilizou sua base de apoio em um momento delicado de sua administração, que ainda não completou seis meses. Há duas semanas, seu pacote liberal de reformas econômicas, conhecido como Lei Ônibus ou Lei de Bases, e as mudanças fiscais estão paralisadas no Senado.
O Pacto de Maio e tensões internacionais
Esses projetos, que avançaram paralelamente, foram aprovados pela Câmara no final de abril com uma maioria confortável, mas enfrentam dificuldades no Senado, onde o governo possui uma minoria de sete cadeiras entre 72. Isso enfraqueceu outro anúncio importante de Milei, o Pacto de Maio.
O Pacto de Maio, um grande acordo de dez pontos sobre o futuro econômico do país, deveria ser firmado com governadores das Províncias argentinas e líderes partidários neste sábado, 25, em Córdoba. Esta é mais uma estratégia de marketing para demonstrar a capacidade de negociação do governo e conquistar a confiança do setor empresarial nacional e internacional.
Vários governadores da oposição já haviam rejeitado o convite, e agora Milei decidiu que irá a Córdoba e discursará, mas sem os governadores. O presidente só voltará a estender o convite depois da aprovação da Lei Ônibus e do pacote fiscal pelo Congresso.
Crise diplomática com a Espanha
Diante das adversidades internas, Milei também enfrenta desafios no cenário internacional. Desde o último fim de semana, ele e o primeiro-ministro espanhol, o socialista Pedro Sánchez, têm trocado farpas diariamente. A tensão escalou quando Milei fez alusões à esposa de Sánchez, Begoña Gómez, investigada por possível tráfico de influências em Madri.
A situação se agravou especialmente porque Milei estava em território espanhol, em Madri, participando de um festival organizado pelo partido ultradireitista Vox, um dos principais aliados de Milei na Europa.
Desde então, o governo Sánchez exigiu um pedido de desculpa da Casa Rosada e, com a recusa de Buenos Aires, retirou sua embaixadora da Argentina na última terça-feira, 21. Foi a maior crise diplomática entre os dois países em tempos recentes.
Enquanto aguardavam a chegada de Milei, seus apoiadores entoavam frases contra Sánchez. Estavam presentes vários ministros e secretários de Milei, entre eles a chefe da pasta de Segurança, Patricia Bullrich, e o secretário de Turismo, Ambiente e Esporte, o ex-embaixador no Brasil, Daniel Scioli.
Menos, querido, menos. Olha a soberba, não vá destruir todo o seu trabalho na Argentina. Aprenda a ser mais comedido, como Zema e Tarcísio.
Esse Milei tem um problema facial permanente?
Ou SÓ tem careta no banco de fotos da Oeste?