Por meio de uma tomografia computadorizada, cientistas egípcios descobriram que o “menino de ouro”, uma múmia do Antigo Egito, que tem 2,3 mil anos, escondia 49 amuletos. O estudo é de autoria de especialistas da Universidade do Cairo e foi publicado na revista Frontiers of Medicine, na terça-feira 24.
“Aqui, mostramos que o corpo desta múmia foi extensivamente decorado com 49 amuletos, lindamente estilizados em um arranjo único de três colunas entre as dobras dos invólucros e dentro da cavidade do corpo da múmia”, explicou Sahar Saleem, primeiro autor da pesquisa e professor de radiologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Cairo. “Estes incluem o Olho de Hórus, o escaravelho, o amuleto akhet do horizonte, a placenta, o Nó de Ísis, entre outros.”
A equipe, liderada por Saleem, concluiu que o menino e sua família eram ricos e pertenciam a uma classe social nobre. “Muitos amuletos eram feitos de ouro, enquanto alguns eram feitos de pedras semipreciosas, argila queimada ou faiança”, disse o professor. “Seu objetivo era proteger o corpo e dar-lhe vitalidade na vida após a morte.”
A múmia também calça um par de sandálias, além de uma guirlanda de samambaias ao redor do corpo. “Esta múmia é uma vitrine das crenças egípcias sobre a morte e a vida após a morte durante o período ptolomaico”, afirmou Saleem, ao site de notícias norte-americano Live Science.
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História dos amuletos da múmia do “menino de ouro”
Os antigos egípcios acreditavam que, quando alguém morria, o “corpo espiritual“ buscava uma vida após a morte semelhante à deste mundo. De acordo com o autor do estudo, “os antigos egípcios acreditavam no poder dos amuletos, usados para proteção e para fornecer benefícios específicos para os vivos e os mortos”.
Segundo a pesquisa universitária, a língua da múmia adolescente é coberta de ouro “para permitir que o falecido fale”, e as sandálias “permitem que o falecido saia da tumba na vida após a morte”.
Entrar na eternidade não é uma tarefa fácil, ensinam os egípcios. Segundo a tradição, o morto tem de passar por uma jornada perigosa no submundo, seguida de um julgamento final individual. Por isso, os parentes e embalsamadores faziam de tudo para que o ente chegasse a um bom destino.
“Na ciência moderna, isso é explicado pela energia”, observou Saleem. “Diferentes materiais, formas e cores fornecem energia com diferentes comprimentos de onda, que podem ter efeito no corpo. Amuletos eram muito usados pelos antigos egípcios. Embalsamadores colocavam amuletos durante a mumificação, para vitalizar o cadáver.”
O professor também falou sobre a “incrível experiência” de imprimir o escaravelho em 3-D. “Foi realmente incrível, especialmente depois que eu imprimi em 3-D e consegui segurá-lo em minhas mãos”, disse. “Havia marcas gravadas nas costas, que poderiam representar as inscrições e os feitiços que os sacerdotes escreveram para proteger o menino durante sua jornada.”
Os cientistas apelidaram a múmia de “Golden Boy” (“menino de ouro”, na tradução livre). Ele foi descoberto pela primeira vez em 1916, em um cemitério usado entre 332 a.C. a 30 a.C., em Nag el-Hassay, no sul do Egito. O corpo foi armazenado no porão do museu egípcio do Cairo, sem exames até o estudo recente.
“Na ciência moderna, isso é explicado pela energia”, observou Saleem. “Diferentes materiais, formas e cores fornecem energia com diferentes comprimentos de onda, que podem ter efeito no corpo…” – e isso faz sentido? Alguma múmia voltou à vida?