As empresas Astrobotic e United Launch Alliance (ULA) vão lançar, na próxima segunda-feira, 8, DNA e restos mortais humanos para a Lua. A decisão provocou polêmicas. O projeto tem como objetivo fazer uma espécie de “funeral espacial”.
O presidente da Nação Navajo — território indígena norte-americano —, Buu Nygren, apresentou uma objeção formal à Nasa e ao Departamento de Transportes dos Estados Unidos (EUA) sobre o lançamento do projétil. Nygren considera o ato uma difamação.
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“É crucial enfatizar que a Lua ocupa uma posição sagrada em muitas culturas indígenas, incluindo a nossa”, escreveu Nygren, em uma carta publicada em 21 de dezembro. Ele ainda pediu à Nasa, a agência aeroespacial dos EUA, que adiasse a missão até analisarem os argumentos.
O projeto se chama “memorial espacial”, vendido por duas empresas, a Celestis e Elysium Space. A primeira vai enviar o material biológico para o espaço sideral. A segunda pretende deixar os restos humanos na Lua.
Nasa pretende enviar material genético de atriz de Star Trek
Entre as cinzas que a Elysium pretende enviar à Lua estão as de Nichelle Nichols, que interpretou a oficial Uhura, em Star Trek The Original Series (TOS), além de DeForest Kelley e James Doohan, que faziam Bones e Scotty, também em TOS, respectivamente.
O foguete Vulcan Centaur também levará os restos mortais do criador da série, Gene Roddenberry, e sua mulher, Majel Barrett Roddenberry, atriz recorrente em Star Trek, e Douglas Trumbull, que esteve por trás dos efeitos visuais de 2001: uma Odisseia no Espaço (1968).
Na ocasião, o foguete transportará o material genético do CEO da ULA, Tory Bruno, e da mulher dele, Rebecca, para o espaço, ambos cientistas do foguete. Eles se juntam a dezenas de arquivos, restos mortais e DNA de outros “passageiros” que serão transportados pela empresa de sepultamento espacial Memorial Celestis Inc.
Além desses, a Nasa pretende enviar o folículo capilar de três ex-presidentes dos Estados Unidos: George Washington, Dwight Eisenhower e John F. Kennedy.
Resposta da Nasa sobre o envio dos restos mortais à Lua
A Nasa rebateu a objeção de Buu Nygren, que é contra o envio do DNA e restos humanos à Lua. Os representantes da agência afirmaram que, por ser um projeto comercial privado, a Nasa não teria interferência nas cargas científicas, e que só ficou responsável pela contratação do foguete.
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O vice-administrador associado de exploração da diretoria de missões científicas na sede da Nasa, Joel Kearns, reconheceu que as missões comerciais podem levantar mais polêmicas no futuro. O argumento é de que algumas comunidades possam não compreender as cargas enviadas, bem como o fato de não serem “missões do governo dos EUA”.
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Kearns acrescentou que as cargas comerciais podem motivar publicidade, o que intensificaria possíveis protestos públicos. Apesar disso, executivo destacou que essas primeiras missões permitirão que a Nasa e outras agências aprendam mais sobre como regular o acesso à Lua no futuro.
As objeções e o adiamento da missão serão avaliados pelo governo dos EUA, por meio de um grupo com várias agências.
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Polemização um tanto atrasada! Desde 1999, as cinzas do cientista californiano Eugene Shoemaker repousam na lua. Foram enviadas pela NASA como forma de homenagem ao seu imenso legado no campo da astrogeologia lunar o e seu fascínio pelo satélite. A sonda Prospector foi lançada em jan/1998 com suas cinzas, até colidir 19 meses depois no polo sul lunar.
Simples, não haveria polêmica nenhuma se anunciasse que iria fazer carreto de porções de alface para o dragăo de São Jorge a exemplo do Horácio, o simpático dinossauro da turma da Mônica.