No início do dia 30 de setembro de 1893, a escuna Margaret A. Muir, carregada com sal a granel, partiu do estreito de Mackinac em direção a Chicago, navegando pelo Lago Michigan, nos Estados Unidos. Enquanto a tripulação seguia para o sul, o navio encontrou ventos de mais de 80 km/h.
Por quase duas horas, o Muir enfrentou ventos fortes e ondas altas, mas acabou sendo dominado pela tempestade e começou a se desintegrar. O capitão David Clow e sua tripulação de seis homens escaparam com vida em um bote salva-vidas, chegando à costa de Wisconsin.
A única vida perdida foi a do leal cachorro do capitão. Em luto, o capitão Clow, de 71 anos e sobrevivente de três naufrágios anteriores, prometeu nunca mais navegar. O Muir se juntou a milhares de outros navios perdidos nas águas tempestuosas dos Grandes Lagos no século XIX.
Em 12 de maio, cientistas voluntários da Wisconsin Underwater Archeology Association encontraram o navio naufragado há cerca de 130 anos utilizando tecnologia de sonar. A embarcação foi localizada a poucos quilômetros do Porto de Algoma, em Wisconsin.
Brendon Baillod, presidente da Wisconsin Underwater Archeology Association, mapeou a área do naufrágio utilizando mapas antigos e relatos de jornais. Ele e outros dois membros da associação, Robert Jaeck e Kevin Cullen, realizaram a busca em um dia claro de maio. Depois de horas de busca sem sucesso, um grande objeto apareceu na tela do sonar, confirmando ser o Muir.
O navio, com laterais desabadas, ainda possuía âncoras, bombas manuais e outros equipamentos de convés. A embarcação estava em uma cratera, o que dificultou sua localização por pescadores.
Além do navio de 1893, Grandes Lagos da América do Norte abrigam 8 mil naufrágios
Os Grandes Lagos abrigam cerca de 8 mil naufrágios, muitos do século XIX e início do XX, quando eram rotas comerciais intensamente utilizadas. Baillod explicou que “havia literalmente milhares de embarcações” nas águas dos lagos, sendo comum observar 50 navios ao mesmo tempo em cidades como Chicago e Milwaukee.
O objetivo da Wisconsin Underwater Archeology Association é preservar o local do naufrágio no Registro Nacional de Lugares Históricos. Baillod ressaltou a importância de tais descobertas para manter a conexão com o passado marítimo das cidades ao redor dos Grandes Lagos: “Usamos esses naufrágios para contar essas histórias”.
Explorações subsequentes
Desde a descoberta, mergulhadores têm explorado os restos do Muir, localizado a 15 metros de profundidade. Baillod e Jaeck já haviam encontrado outra escuna, a Trinidad, no Lago Michigan, após dois anos de busca.
O capitão Clow, que construiu escunas na Ilha Chambers, Wisconsin, com sua família, lamentou profundamente a perda de seu cachorro e decidiu abandonar a vida no mar. Ele disse aos repórteres na época: “Eu parei de navegar, pois a água não parece mais gostar de mim”.
O trabalho de preservação da história subaquática continua, com a esperança de que mais naufrágios possam ser encontrados e registrados, mantendo viva a herança marítima dos Grandes Lagos.
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