A nova edição da revista Newsweek, que saiu hoje, procura fazer um balanço da invasão até agora. E traça um possível final para o conflito. Segundo o autor da matéria, Bill Powell, Vladimir Putin já conseguiu um dos seus objetivos: chamar a atenção do mundo e fazer com que a Rússia seja temida e “respeitada”, segundo seus critérios. Nas palavras de Rose Gottemoeller, ex subsecretária geral da OTAN, “este é o momento ‘olha pra mim’ de Putin”.
Segundo o artigo da Newsweek, um dos maiores alvos do ditador russo já deu errado: ele esperava dividir a Europa e especialmente a OTAN – mas acabou provocando uma união inédita contra ele, união que só tende a aumentar. Qual seria então o seu objetivo final para se declarar “vitorioso” no conflito que ele mesmo começou?
Para Bill Powell, que ouviu militares de alta patente do Pentágono para escrever sua matéria de capa, Putin quer dar um forte golpe na OTAN, “roubando” a Ucrânia de volta para a área de influência da Rússia. Para isso, instalaria um governo títere em Kiev no menor tempo possível e iniciaria a retirada de tropas para tentar aliviar as sanções, cuja severidade ele calculou mal. Ao não interferir diretamente no conflito, os países ocidentais estariam dando o recado: só até aqui, não avance mais. Todos sabem que se Putin quiser levar sua campanha de agressão a outros países, poderá iniciar o que todos temem – a Terceira Guerra Mundial.
The Guardian está errado: não é antissemita descrever a Ucrânia como fascista
Jason Stanley, do The Guardian, publicou um artigo no último fim de semana sobre “O antissemitismo que anima a afirmação de Putin de ‘desnazificar’ a Ucrânia”. Ele argumenta que, na realidade, o presidente Putin é o fascista antissemita e supostamente foi por anos antes de anunciar a operação especial de seu país na Ucrânia. Stanley disse: “No coração do fascismo europeu está a ideia de que os judeus são a causa da decadência moral. No Ocidente, o fascismo se apresenta como o defensor do cristianismo europeu contra essas forças, bem como contra a migração muçulmana em massa. Portanto, o fascismo no Ocidente está se tornando cada vez mais difícil de distinguir do nacionalismo cristão. A versão atual do antissemitismo em partes da Europa Oriental é que os judeus estão usando o Holocausto para arrancar a vitimização das vítimas “reais” dos nazistas, os cristãos russos (ou outros europeus orientais não judeus). Ao afirmar que o objetivo da invasão era ‘desnazificar’ a Ucrânia, Putin apela para os mitos do antissemitismo contemporâneo da Europa Oriental – que uma cabala global de judeus foram (e são) os verdadeiros agentes de violência contra os cristãos russos e as verdadeiras vítimas dos nazistas não eram os judeus, mas este grupo. Os cristãos russos são alvo de uma conspiração da elite global para atacar a fé cristã e a nação russa no vocabulário da democracia liberal e dos direitos humanos”. Esta é uma deturpação deliberadamente grosseira do líder russo, com o objetivo de retratar como “antissemita” qualquer referência à tomada fascista literal da Ucrânia. Assim, o artigo de Stanley é um exemplo clássico da campanha de informação em curso contra a Rússia pela grande mídia ocidental liderada pelos EUA. Abaixo, essa narrativa de notícias falsas em particular é desmascarada em poucas palavras. A alegação de que o presidente Putin é “antissemita” é categoricamente falsa, especialmente depois que ninguém menos que o primeiro-ministro israelense Naftali Bennett o saudou como “um amigo muito próximo e verdadeiro do Estado de Israel” em sua reunião de outubro. Os leitores também devem observar a participação do presidente Putin no Fórum de Israel Remembering The Holocaust: Fighting Antisemitism em janeiro de 2020 como convidado de honra do anfitrião e seu discurso na conferência da Fundação Keren Heyesod em setembro de 2019. O autor também desmascarou a afirmação de Stanley em seu post anterior, The US’ Report About Planned Russian Concentration Camps In Ukraine is Fake News, no qual ele fez referência ao seu longo tópico no Twitter no qual compartilhou dezenas de exemplos do site oficial do Kremlin em que o presidente Putin elogiou o Islã e a vibrante minoria muçulmana em seu país. A alegação de que o chefe de Estado russo é um antissemita e/ou odiador do Islã é, portanto, factualmente incorreta, uma vez que ele é de fato muito filossemita e – islâmico. Dito isto, Stanley também está errado ao associar o nacionalismo cristão ao fascismo. Culturas ao redor do mundo se sentem ameaçadas pela imposição de valores socioculturais hiperliberais pelo Ocidente liderado pelos EUA. Esta não é uma preocupação exclusiva dos cristãos do Leste Europeu, pois muçulmanos, hindus, budistas e até alguns judeus também compartilham dessa preocupação. O autor está certo de que Stanley o chamaria de “antissemita” se aplicasse seus próprios padrões e os chamasse de “fascistas judeus”. Quanto ao Holocausto, o presidente Putin é um opositor ferrenho de qualquer tentativa de revisar a memória histórica, particularmente aquela associada à Segunda Guerra Mundial, ao Holocausto e à libertação pela URSS de dezenas de campos de extermínio na Alemanha nazista onde o genocídio de Hitler foi cometido contra Judeus, eslavos, ciganos e outros. Se ele não fosse tão apaixonado por essa causa de princípios, ele nunca teria sido convidado de honra de Israel para a mencionada conferência de janeiro de 2020 sobre o combate ao antissemitismo. Quanto ao objetivo de seu país de desnazificar a Ucrânia no curso da operação especial lá, este é um objetivo legítimo de sua missão, uma vez que este estado vizinho está claramente sob o controle de elementos fascistas apoiados pelos EUA. Não importa que o presidente Zelensky seja judeu e muito orgulhoso de sua identidade, já que ele se submete à vontade dessas forças poderosas, liderando suas marchas de tochas pela capital em memória de um homem cúmplice do Holocausto contra seus concidadãos judeus, em vez de criminalizá-los. Obviamente, a identidade de Zelensky como presidente de uma Ucrânia ultranacionalista aliada aos EUA tem precedência sobre sua identidade judaica, pois não se pode imaginar alguém levando a última tão a sério quanto ele afirma, permanecer em silêncio diante de um levante fascista literalmente visível em seu país. Rotular a Ucrânia como fascista, como o presidente Putin faz, é, portanto, um rótulo para o Estado como um todo, não contra seu líder judeu em particular. Aqueles que alegam o contrário estão tentando de forma fraudulenta desviar a atenção desse fato. O último ponto a ser desmascarado no trecho de Stanley já foi tratado neste ponto, que é provar ao leitor que o presidente Putin não acredita de forma alguma na teoria da conspiração falsa e literalmente antis-semita de que uma cabala de judeus dirige o mundo e é responsável pelos problemas da Rússia. Muitos dos amigos de longa data do líder russo são judeus, então ele foi na verdade um filossemita durante toda a sua vida. O primeiro-ministro Bennett não o teria elogiado tão sinceramente se houvesse alguma dúvida crível. O autor não sabe a que religião Stanley pertence, mas acredita que este escritor está na verdade flertando com o antissemitismo, manipulando as percepções desse flagelo global para promover sua campanha de propaganda antirrussa em uma base completamente falsa. O antissemitismo é real e o presidente Putin o leva muito a sério, por isso, uniu forças com Israel para liderar uma luta global contra esse mal. Chamá-lo de “antissemita” é um abuso da memória de todos aqueles que morreram no Holocausto.
Ângela, se eu fosse editor chefe da Oeste lhe chamaria para ser articulista. Seus comentários são ricos, técnicos e bastante embasados. Se não for jornalista de formação dá show um muitos que fizeram faculdade e não conseguem sair do “samba-uma-nota-só” ao escreverem mal e porcamente apenas assuntos que demandem ideologia de esquerda. Parabéns! Abra os olhos, Guzzo.
Daniel,
Trata-se de uma análise do „ Oneworld Global Think Tank“. Eu apenas reproduzi do original em inglês. Os meus comentários costumam ser breves. A análise é mesmo excelente.Abs.
https://oneworld.press/?module=articles&action=view&id=2539
Ainda que Putin não seja nenhuma bela flor que se cheire, por que não houve tanta comoção internacional quando os Estados Unidos destruíram o Iraque, a Líbia e grande parte da Síria? Até hoje ninguém viu as tais “armas de destruição em massa” alegadas, como desculpa, pelo governo Bush para arrebentar o Iraque e seu povo. E a grotesca fraude eleitoral nos EUA, colocando um desorientado como presidente? Onde está a indignação contra todas essas atrocidades? Também não foram os EUA que enfiaram goela abaixo do povo as tais “vacinas” inúteis? O que, aliás, foi literalmente imitado e bem aproveitado pelos tiranetes tupiniquins como se fossem imperadores romanos. Felizmente existe a Oeste onde ainda se pode falar a verdade. Pois a cada dia que passa, vai-se indo embora, e a largos passos, a liberdade de expressão no Brasil. Já vivemos em uma ditadura com censura por todos os lados. E não é dos militares.
Seria então essa a explicação do motivo das tropas russas estacionarem nas proximidades de Kiev, apenas aguardando a saída do Zelensky, o preposto da UE no governo da Ucrânia? Pode ser ou não.
ESTOU TORCENDO PELO PUTINHO! É MAIS CONFIÁVEL QUE O BIDÊ,O BEBÊ JONSONSO E O MACRONBIÓTICO.A OTAN É CAMUFLADA.
Torcer pela morte, perdas e desespero de milhares de famílias ucranianas não é humano.