O cineasta dissidente Jafar Panahi, ganhador do Urso de Ouro de melhor filme no Festival de Berlim de 2015, foi detido na segunda-feira 11 no Irã, informou a imprensa estatal, somando-se a outros dois diretores presos em menos de uma semana.
Panahi, 62 anos, é um dos cineastas iranianos mais premiados. Ele ganhou o prêmio de melhor roteiro em Cannes em 2018 por 3 Faces, três anos depois de ganhar o Urso de Ouro em Berlim por Táxi Teerã.
As autoridades iranianas já haviam prendido dois cineastas na sexta-feira 8, Mohammad Rasoulof e Mostafa Aleahmad, acusados de “perturbação da ordem pública”.
“Jafar Panahi foi detido quando chegou ao Ministério Público de Teerã para acompanhar o caso de outro cineasta, Mohammad Rasoulof”, segundo a agência de notícias iraniana Mehr. “Ainda não há informações sobre o motivo da detenção de Panahi, sua conexão com o caso Rasoulof ou outros presos na semana passada”, acrescentou.
No domingo 10, Panahi fez uma publicação nas redes sociais destacando 334 realizadores e ativistas iranianos que protestavam contra a prisão da dupla.
Panahi foi condenado em 2010 a seis anos de prisão e 20 anos de proibição de filmar ou escrever roteiros, viajar ou falar na mídia. No entanto, ele continuou a viver e trabalhar no Irã. Foi condenado por “propaganda contra o regime”, depois de ter apoiado o movimento de protesto de 2009 contra a reeleição do ultraconservador Mahmud Ahmadinejad para a Presidência da República Islâmica.
Os dois cineastas presos na sexta-feira são acusados de ter incentivado as manifestações, após o desabamento de um prédio no sudoeste do país, em maio, que causou a morte de 43 pessoas, segundo a agência Irna.
Panahi e Rasoulof também denunciaram em meados de maio, junto com outros diretores e atores iranianos, a prisão de vários de seus colegas. A repressão e a censura constituem “uma violação da liberdade de expressão” e “reduzem ao mínimo a segurança dos cineastas”, denunciaram, em carta aberta.
Os organizadores do festival de cinema Berlinale, que concedeu a Rasoulof o prêmio máximo em 2020, protestaram na semana passada contra a prisão do cineasta e de seu colega, pedindo sua libertação.