O linguista norte-americano Noam Chomsky sofreu um acidente vascular cerebral massivo em junho do ano passado, o que afetou sua fala e o lado direito do corpo. Desde então, ele tem estado ausente das discussões sobre a guerra de Israel contra o grupo terrorista Hamas, que começou há nove meses.
Chomsky, nascido em uma família judaica, viveu em um kibutz no norte de Israel em 1953 e foi convidado anos depois por uma universidade palestina na Cisjordânia para uma conferência. No entanto, foi interrogado por horas na fronteira e proibido de entrar no país pelas autoridades israelenses.
Além de linguista, Chomsky é reconhecido como analista de política internacional. Ele escreveu mais de cem livros, quatro dos quais são focados em Israel, suas guerras, governos e agressões ao povo palestino. Antes do AVC, ele era um acadêmico ativo, que viajava frequentemente do Estado de Arizona, nos Estados Unidos, para conferências ao redor do mundo.
Recuperação e tratamento no Brasil
Depois do AVC, Valéria Chomsky, sua mulher e também linguista, decidiu trazê-lo para São Paulo, onde o casal tem uma residência desde 2015. Valéria alugou um jatinho-ambulância e contratou dois enfermeiros para a viagem, que foi “longa, penosa e estressante”, com duas escalas necessárias.
Ele foi internado numa unidade de terapia intensiva, mas seu estado melhorou bastante. Atualmente, Chomsky está em um quarto, sendo visitado diariamente por neurologista, fonoaudiólogo e pneumologista. Lê o site do New York Times todos os dias e, ao ver imagens de Gaza, levanta o braço esquerdo em lamento e revolta.
Chomsky também lê revistas científicas e acompanha os comentários de colegas sobre artigos de linguística e cognição que escrevia antes do AVC. O ministro Fernando Haddad o visitou, relembrando encontros passados, como o café da manhã de 2018 com o casal Chomsky e Roberto Schwarcz durante a campanha presidencial.
Com a recuperação em progresso, a reitoria da Universidade de São Paulo considera nomeá-lo professor ad hoc para participar de seminários sobre linguística e ciência política, focando o papel dos EUA em disputas geopolíticas. Valéria vê essa possibilidade com bons olhos, mas também considera a possibilidade de se estabelecerem no Rio de Janeiro, onde o clima e a geografia facilitariam a recuperação de Chomsky.
Histórico de Chomsky
Chomsky é um crítico dos “assentamentos israelenses” na Cisjordânia, condenados pelas Nações Unidas e a comunidade internacional, inclusive a Casa Branca. Ele argumentava que essa política dificultava a solução de dois Estados, Israel e Palestina.
A política israelense, na visão de Chomsky, restringe a liberdade dos palestinos e torna difícil a solução de dois Estados. Ele acreditava que a Suprema Corte de Israel concedia cidadania plena aos assentados de outros países, mas restringia as liberdades dos palestinos. Ele ainda não expôs seu ponto de vista sobre possíveis soluções para o Oriente Médio.
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