Passadas três semanas desde que o Hamas fez o ataque-surpresa sem precedentes a Israel, que deixou 1,4 mil mortos — a maioria civis —, ainda não se sabe, de fato, quantas pessoas morreram na Faixa de Gaza. Outra incógnita é sobre quantas vítimas são civis e qual é a quantidade de terroristas eliminados. Também é ignorado o número de palestinos que perderam a vida pelos foguetes falhos do Hamas.
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Depois que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, manifestou desconfiança quanto aos números divulgados pelo Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, o jornal norte-americano The Wall Street Journal ouviu especialistas para tentar descobrir se é verídica a informação do órgão palestino de que morreram até agora 7,7 mil pessoas, incluindo 1,8 mil mulheres e 3,2 mil crianças.
Nem os EUA nem Israel têm a sua própria contagem ou uma forma de contar de forma independente as vítimas em Gaza, onde vivem 2,1 milhões de pessoas. Biden passou a ter dúvidas sobre o número de mortes depois de uma explosão no Hospital Al Ahli, em Gaza, em 17 de outubro. Prontamente, o Ministério da Saúde de Gaza disse que foram mais de 500 mortos e culpou Israel pelo “massacre”.
Depois, quando se descobriu que a explosão foi no estacionamento do hospital, Gaza reduziu o número para 471. Autoridades de inteligência dos EUA estimaram o número de mortes naquele incidente entre 100 e 300 pessoas. Porém, os indícios até agora mostram que o “massacre” foi causado por um aliado do Hamas, o grupo terrorista Jihad Islâmica, que pretendia atacar Israel, mas o foguete falhou.
O que dizem os especialistas sobre as mortes em Gaza
“Os números não são confiáveis. Eles simplesmente não são confiáveis”, disse ao WSJ John Kirby, coordenador do Conselho de Segurança Nacional para comunicações estratégicas. “Eu recomendaria francamente que você não escolhesse números divulgados por uma organização dirigida por uma organização terrorista.”
Já Michael Ryan, do Programa de Emergências de Saúde da Organização Mundial da Saúde, disse que “os números relatados em Israel e nos territórios palestinos ocupados podem não ser perfeitamente precisos minuto a minuto, mas refletem de maneira geral o nível de mortes e feridos em ambos os lados do conflito”.
Segundo os números do Ministério da Saúde de Gaza, dos mortos apenas 35% seriam homens adultos, taxa muito maior do que em conflitos anteriores, como na guerra de 50 dias entre Israel e o Hamas, em 2014, quando a taxa de homens adultos mortos foi de 62%.
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“Temos que documentar qualquer pessoa morta que chegue ao hospital. Nós numeramos todos eles”, disse Marwan Abusada, cirurgião sênior do Hospital Al Shifa, em Gaza, que também é diretor-geral de cooperação internacional do Ministério da Saúde palestino.
Outro ponto questionável sobre o número de mortes em Gaza é a causa da morte, já que muitos palestinos perdem a vida em razão de falhas nos disparos dos foguetes do Hamas, que em vez de atingirem o outro lado da fronteira, caem ali mesmo, matando civis palestinos.
Mas essas mortes são contabilizadas e atribuídas a ataques de Israel. Cerca de 25% dos mísseis do Hamas falham, estimam especialistas que acompanham os sucessivos conflitos no Oriente Médio, como o jornalista britânico Dovid Efune.
Leia também: O Hamas não quer a paz, reportagem de Dagomir Marquezi, publicada na Edição 188 da Revista Oeste.