A eleição deste domingo, 30, em Portugal pode retirar a esquerda do poder, o que não acontece desde 2015, quando o atual primeiro-ministro, António Costa, do Partido Socialista (PS), chegou ao posto.
Costa tem conseguido permanecer no comando do país por contar com o apoio de outros partidos de esquerda, mas a situação começou a mudar em 2019.
Relacionadas
Nas eleições daquele ano, os socialistas conseguiram aumentar sua bancada e abandonaram o arranjo de esquerda, optando por negociar individualmente nas votações.
O rompimento definitivo se deu em outubro do ano passado, depois do Bloco de Esquerda e o Partido Comunista votaram contra o Orçamento de 2022 e, diante disso, o presidente Marcelo Rebelo de Sousa optou por antecipar um novo pleito.
Esquerda fala em legado
António Costa, de 60 anos, mostra orgulho por ter “virado a página da austeridade orçamentária” aplicada pela direita após a crise financeira mundial.
“Vencemos a austeridade e a estagnação, estamos no caminho para vencer a pandemia e no domingo também venceremos esta crise política para dar estabilidade ao país”, disse na sexta-feira o primeiro-ministro.
Quando a data da votação foi anunciada há três meses, o Partido Socialista estava vem à frente nas pesquisas sobre o Partido Social-Democrata (PSD), de centro-direita.
Mas a vantagem praticamente evaporou nas últimas semanas e quase ninguém se arrisca a dar um palpite de quem sairá vitorioso das urnas neste domingo.
Antes de António Costa, o PSD governou Portugal de 2011 a 2015. O primeiro-ministro era Pedro Manuel Mamede Passos Coelho.
Agora, o sociais-democratas estão mais perto do que nunca para voltar sob o comando do deputado e economista Rui Rio, que vem atraindo votos com um discurso centrista e de moderação.
“O avanço de Rui Rio nas pesquisas demonstra que a população quer mudança”, disse Paulo Faria, dono de um restaurante em Portugal, à agência France-Presse.
Oposição ganha musculatura
Mesmo que não consiga apoio suficiente para assumir o comando do governo português, a direita sai mais fortalecida após às eleições.
Uma outra surpresa é as indicações de crescimento do Chega, partido de direita comandado pelo deputado André Ventura. Ele defende, por exemplo, a pena de morte e a castração química para pedófilos.
Único representante parlamentar do partido hoje, ele já foi condenado por “ofensas ao direito à honra” depois de ter chamado de bandidos, durante um debate na TV, os integrantes de uma família negra e moradora de um conjunto habitacional.
Não está claro se o Chega, que provavelmente será a terceira força política do país, ajudará a dar sustentação a um eventual governo do Partido Social-Democrata.
“A negociação não pode chegar nunca a uma situação de coligação em que haja ministros do Chega ou que vá violentar os nossos princípios”, disse Rui Rio.