O Democratas (Demokraatit), partido de centro-direita, venceu ontem as eleições parlamentares da Groenlândia. A população local foi às urnas na terça-feira 11, em meio ao interesse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de comprar o território, da Dinamarca.
Tanto o Democratas quanto o partido Ponto de Orientação (Naleraq), o segundo mais votado na eleição, são a favor da independência da ilha.
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O Demokraatit conquistou 29,9% dos votos, um aumento significativo em relação aos 9,1% obtidos em 2021. O Naleraq obteve 24,5% dos votos. O partido Inuit Ataqatigiit, de esquerda, do atual primeiro-ministro, ficou em terceiro lugar, com 21%. O quarto colocado foi o Siumut, também de esquerda e aliado do Inuit Ataqatigiit, com quase 15% dos votos.
A vitória do Democratas foi considerada uma surpresa, ao menos pelos governistas. O partido Inuits Unidos, do atual primeiro-ministro, Múte Bourup Egede, achava que levaria a maioria das cadeiras.
As eleições foram convocadas antecipadamente em fevereiro por Egede, sob a justificativa de unir a população em um “sério momento” vivido pelo território.
Repercussão do resultado da eleição
O líder do Demokraatit, Jens-Frederik Nielsen, disse que o resultado da eleição reflete o desejo da população por mudança. “As pessoas querem mudança; queremos mais negócios para financiar nosso bem-estar. Não queremos independência amanhã, queremos uma boa base”.
Agora, Nielsen, ex-ministro da Indústria e Minerais da ilha, deverá buscar conversas com outros partidos para formar uma coalizão governamental.
Qupanuk Olsen, candidato do partido pró-independência Naleraq, expressou: “Acredito fortemente que em breve começaremos a viver uma vida mais baseada em quem somos, com base em nossa cultura e nossa língua.”
Já o candidato do Inuit Ataqatigiit, Inge Olsvig Brandt, afirmou que “não precisamos da independência agora. Temos muitas coisas para trabalhar. Acho que devemos primeiro trabalhar com nossa história e fazer muito trabalho de cura antes de dar o próximo passo”.
O primeiro-ministro da Groenlândia, Mute Egede, voltou a afirmar que a ilha não está à venda e disse que buscará formar um governo de coalizão forte para resistir à pressão externa.
O primeiro-ministro da Dinamarca reiterou que a decisão sobre o futuro da Groenlândia cabe exclusivamente à sua população.
A Groenlândia
A Groenlândia tem 57 mil habitantes. Colônia dinamarquesa até 1953, a ilha se tornou um território desde então. Em 1979, a Groenlândia obteve relativa autonomia, mas Copenhague ainda mantém controle sobre relações exteriores, defesa e política monetária, além de fornecer cerca de US$ 1 bilhão por ano à economia local.
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Em 2009, o território obteve o direito de declarar independência por meio de um referendo, embora tenha optado por não fazer isso, pelo temor da queda da qualidade de vida na ilha, sem o apoio financeiro da Dinamarca.