No ano de 1938, a seleção brasileira ainda não havia ganhado nenhuma Copa do Mundo, ninguém sabia o que era televisão, e as pessoas ainda usavam máquinas escrever. Porém, enquanto a Europa começava a sentir os efeitos da expansão nazista, e Getúlio Vargas conduzia o Estado Novo por aqui, o peixe Matusalém já nadava no Aquário Steinhart, em São Francisco — e o vertebrado segue nadando até hoje.
Análises de DNA sugerem que o animal — trata-se de uma fêmea — pode ser o peixe mais velho do mundo vivendo em cativeiro. Matusalém pode ter mais de 100 anos de idade.
O nome do peixe é uma clara referência ao personagem bíblico que viveu antes do Dilúvio de Noé e, quando morreu, contava impressionantes 969 anos. A pesquisa com o animal aquático, porém, indica uma idade mais modesta: 101 anos.
Charles Delbeek, curador de projeto de aquários no Steinhart — divisão da Academia de Ciências da Califórnia —, disse: “Embora saibamos que Matusalém veio até nós no final da década de 1930, não havia nenhum método para determinar sua idade naquela época. Por isso é incrivelmente emocionante obter informações baseadas na ciência sobre a sua idade real”.
Ao comentar sobre a possível reação dos visitantes ao aquário californiano, o pesquisador disse ainda: “Seu impacto vai além de encantar os visitantes do aquário: disponibilizar nossa coleção viva para pesquisadores de todo o mundo ajuda a aprofundar nossa compreensão da biodiversidade e do que as espécies precisam para sobreviver e prosperar”.
Peixes pulmonados são raros e antigos
O Matusalém é um peixe pulmonado, e, de acordo com o periódico científico Cosmos Magazine, esses peixes são conhecidos como “fósseis vivos”. O peixe pulmonado australiano (Neoceratodus forsteri) apresenta o maior genoma conhecido no Reino Animal — cerca de 14 vezes maior que o dos seres humanos.
Guelras e pulmões
Existem apenas seis espécies conhecidas desses peixes na natureza. São animais aquáticos que, diferentemente dos demais, têm um ou dois pulmões — além das guelras. O peixe pulmonado australiano usa as suas guelras a fim de obter oxigênio; porém, quando a qualidade da água muda, eles podem vir à superfície para respirar ar.