No Japão, pesquisadores desenvolvem um medicamento que pode permitir a regeneração de novos dentes em adultos. O projeto, que já obteve resultados positivos em testes com camundongos e furões, busca oferecer uma alternativa menos invasiva às dentaduras e aos implantes dentários.
Segundo o jornal O Globo, os estudos concentram-se no bloqueio da proteína USAG-1, capaz de induzir o crescimento de um terceiro conjunto de dentes. O tratamento, que pode estar disponível até 2030, visa a beneficiar pessoas que perderam dentes por causa das condições genéticas ou outras causas.
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Katsu Takahashi, chefe de cirurgia oral no Instituto de Pesquisa Médica Kitano Hospital, lidera a equipe que realiza testes clínicos desde outubro de 2023, no Hospital da Universidade de Kyoto.
“Restaurar dentes naturais definitivamente tem suas vantagens”, disse Takahashi.
O foco inicial dos ensaios clínicos é em adultos saudáveis que perderam pelo menos um dente. Contudo, o crescimento de novos dentes não é o objetivo principal desta fase.
Pessoas com falta de dentes devem ser beneficiadas
A pesquisa também está direcionada às pessoas com uma condição hereditária que causa a ausência de seis ou mais dentes permanentes, o que afeta cerca de 0,1% da população. No Japão, muitos adolescentes enfrentam dificuldades para mastigar e usam máscaras faciais para esconder os espaços na boca.
O medicamento é voltado para crianças, com a expectativa de distribuição em larga escala até 2030. Angray Kang, professor de odontologia na Universidade Queen Mary de Londres, elogiou o trabalho de Takahashi. Ele descreveu a pesquisa como “empolgante e vale a pena perseguir”.
O professor disse que o uso de anticorpos em tratamentos para osteoporose já estabeleceu um precedente positivo. “A corrida para regenerar dentes humanos não é uma corrida curta, mas, por analogia, uma série de ultramaratonas consecutivas”, afirmou Kang. “Este é apenas o começo.”
Chengfei Zhang, professor clínico de endodontia na Universidade de Hong Kong, chamou a abordagem de inovadora. Porém, ele alerta que nem sempre os resultados em animais se aplicam a humanos.
No Japão, que possui a segunda população mais velha do mundo, mais de 90% das pessoas com 75 anos ou mais têm pelo menos um dente ausente. A nova tecnologia visa a não só regenerar dentes, mas também controlar sua localização na boca, ao ajustar o local da injeção do medicamento.