Dias depois da declaração da vitória eleitoral do ditador Nicolás Maduro e a posterior repressão aos manifestantes, a petroleira Chevron pediu às autoridades norte-americanas para continuar suas operações na Venezuela. A empresa argumentou que sua presença é crucial tanto para o fornecimento global de petróleo quanto para a segurança energética dos EUA. A informação é do jornal norte-americano The Wall Street Journal (WSJ).
+ Leia mais notícias de Mundo em Oeste
Em 2022, o governo do presidente Joe Biden aliviou algumas das sanções impostas na era Trump. Isso permitiu que a Chevron retomasse suas atividades na Venezuela. A intenção por trás do ato era incentivar Maduro a promover eleições livres.
Entretanto, depois da eleição de 28 de julho, o Departamento de Estado norte-americano declarou que todas as evidências mostram que o opositor Edmundo González venceu —com números esmagadores.
A importância da Chevron na Venezuela
Em reuniões com autoridades do governo dos EUA, executivos da Chevron destacaram que a empresa ajuda a manter o fornecimento global de petróleo e serve como um amparo contra adversários geopolíticos.
A Chevron tem sido cuidadosa em não defender políticas específicas de Nicolás Maduro. Ainda assim, sua mensagem de continuar com a operação na Venezuela pesou na administração Biden, ainda conforme o WSJ.
Leia também: “Lições da Venezuela”, artigo de Alexandre Garcia publicado na Edição 232 da Revista Oeste
Apesar da condenação da repressão eleitoral, a Casa Branca evita represálias severas e se comunica com a ditadura venezuelana. Os EUA também incentivam vizinhos próximos, como Brasil e Colômbia, a ajudarem na negociação de uma resolução, enquanto consideram sanções direcionadas a indivíduos específicos do regime de Maduro.
A presença histórica e estratégica da Chevron
“A Chevron se envolve regularmente em questões de política energética com stakeholders em Washington, DC, e no mundo todo”, disse o porta-voz da petroleira, Bill Turenne. “Temos sido uma presença construtiva na Venezuela por mais de um século, onde temos investimentos dedicados e uma grande força de trabalho.”
Leia mais: “A farsa da Venezuela”, reportagem de Cristyan Costa publicada na Edição 228 da Revista Oeste
A Chevron é a última grande petrolífera dos EUA na Venezuela, país que diz possuir as maiores reservas de petróleo do mundo. A empresa tem cerca de 250 funcionários no local, com outros 3 mil que trabalham em joint ventures. Fontes relacionadas à atuação da Chevron na Venezuela disseram ao WSJ que a presença da empresa ajuda o país a evitar um colapso econômico.
“Somos um ator comercial, não político”, disse Mike Wirth, presidente-executivo da Chevron, em uma ligação com investidores.
Ajustes nas políticas de sanções dos EUA
Apesar de sanções rigorosas, o governo Trump não conseguiu retirar Maduro do poder na Venezuela. Já Biden, ao perceber a adaptação do regime às sanções e seus impactos na economia venezuelana, afastou-se da política de “pressão máxima”.
Críticos da decisão de Biden de permitir que a Chevron retome as operações na Venezuela argumentam que isso fortaleceu economicamente Maduro. Além disso, a medida teria causado o enfraquecimento da oposição venezuelana.
Leia também: “Tiros na democracia”, artigo de Ana Paula Henkel publicado na Edição 226 da Revista Oeste
Enquanto isso, a pressão do Congresso norte-americano para uma postura mais enérgica do governo sobre Maduro aumenta, antes das eleições nacionais dos EUA.
Prevalece o de sempre, dinheiro.
Haja blá blá blá ……..