“O declínio de novos casos de coronavírus não tem relação com o bloqueio, mas com o curso natural de cada epidemia”, afirma Stefan Homburg, professor da Universidade de Hannover
O professor Stefan Homburg, diretor do Instituto de Finanças Públicas da Universidade de Hannover, publicou um artigo no jornal Die Welt no qual compara a Alemanha com países que optaram por não fazer o lockdown para lidar com o coronavírus: “Enquanto a Alemanha está parada, as escolas e lojas estão abertas na Suécia”, escreve. “No entanto, lá também estão diminuindo as novas infecções. Como isso é possível? A nossa estratégia baseia-se num enorme erro de previsão do Instituto Robert Koch (RKI), afirma”.
Sob o título “Por que o lockdown da Alemanha está errado – e a Suécia está fazendo muito melhor”, o professor constata que, embora não exista um lockdown na Suécia, o número de novas infecções está diminuindo. “Como explicar isto?”, pergunta.
“Vejamos primeiro a Alemanha”, propõe. “Os novos casos comunicados têm diminuído há três semanas. O número de mortes, por sua vez, atingiu o ápice e também começou a regredir. De acordo com a literatura especializada, entre a infecção e a morte decorrem em média 23 dias. Como a curva de mortes atingiu o cume em 7 de Abril, o maior número de novas infecções foi atingido em meados de março. Portanto, antes do lockdown – que foi decidido em 23 de março e entrou em vigor no dia seguinte”.
Por isso, ele observa que o resultado do bloqueio ainda não pode ser visto nas taxas de mortalidade e se tornará visível apenas na segunda quinzena de abril – “na melhor das hipóteses”, afirma. “O declínio de novas infecções e mortes não tem nada a ver com o lockdown, mas com o curso natural de cada epidemia e com as medidas de defesa convencionais tomadas, tais como higiene, testes e separação dos doentes”.
Os números da Suécia comprovam sua tese. Também lá, a quantidade diária de mortos primeiro aumentou e, depois, diminuiu. “Apesar da decisão de não entrar em isolamento não houve nenhum vestígio de crescimento exponencial de mortes”, diz.
Homburg observa que, embora a Suécia esteja apresentando uma taxa de mortalidade mais elevada que a da Alemanha, os hospitais não estão sobrecarregados, “e é isso que realmente importa”. Ele também lembra que mais suecos estarão imunes ao vírus no início da próxima estação viral.
“Em 20 de março, quando o vírus já estava contido na China e na Coreia do Sul, com mortalidades consideravelmente inferiores a 0,001% da população, o RKI apresentou cenários que previam pelo menos 300.000 mortes alemãs”, lembrou Homburg. “Três dias mais tarde, o governo decidiu iniciar o lockdown. Até agora, entretanto, cerca de 3.000 pessoas diagnosticadas com coronavírus morreram na Alemanha, e é pouco provável que este número aumente significativamente”.
O “gigantesco erro de previsão do RKI”, segundo Homburg, “nada tem a ver com o lockdown”, uma vez que seus efeitos só serão visíveis nas taxas de mortalidade em meados de abril.
Inicialmente, a Alemanha queria evitar a sobrecarga dos hospitais e, em 28 de março, a chanceler Angela Merkel prometeu no seu pronunciamento que o lockdown poderia terminar assim que o tempo de duplicação (ou seja, em que os novos casos registrados duplicasse) fosse superior a dez dias. Depois, o RKI e os políticos mudaram o indicador e passaram a considerar qualquer novo caso.
Em 3 de abril, Lothar Wieler, chefe do RKI, declarou que o número de novas contaminações estava estável e que a nova pretensão era reduzir a taxa de reprodução para valores inferiores a um. Assim, o RKI substituiu o “alvo de confinamento”, inicialmente proposto por Ângela Merkel, por “um alvo de extermínio”.
De acordo com Homburg, essa alteração é equivocada por três razões. Primeiro, não faz sentido zerar o número de mortes causadas pelo coronavírus. “Uma vez que, levando em consideração os inúmeros acidentes de trânsito, de trabalho e de lazer, todas as atividades humanas teriam de ser proibidas”.
Segundo, o objetivo de erradicação reduz o número de pessoas que, apesar da infecção, permanecem saudáveis e, consequentemente, imunes. “Queremos um novo lockdown no início da próxima onda do coronavírus? Todos os anos?”, pergunta Homburg.
Terceiro, às mortes causadas pelo coronavírus devem ser imputadas outras mortes resultantes do confinamento. “Quem calcula as pessoas que morreram por causa do adiamento de cirurgias?”, questiona. “Quem contabiliza os suicídios, que a experiência mostra aumentar mesmo durante recessões econômicas brandas? E quem considera que, a longo prazo, uma economia em crise não será obrigada a reduzir também a qualidade do sistema de saúde?”
Para Homburg, países como a Suécia, a Coreia do Sul ou Taiwan agiram sensatamente ao não aplicarem lockdowns. “Os virologistas ali presentes guiaram a população e os políticos através da crise com mão firme, em vez de os perturbar, mudando constantemente de rumo”, diz. “O coronavírus foi contido com êxito sem prejudicar os direitos fundamentais e o emprego”. Homburg defende que a Alemanha deve tomar esta política como modelo.
Entre cifras aqui e alí, de milhão pra lá e pra cá… esqueceram os defensores do anti-isolamento, da quarentena, que hoje a Suécia lida com a triste realidade de tratar dos mais jovens e deixar os idosos morrerem de corona, justamente por ter negligenciado as medidas restritivas. Fato é que hoje o sistema deles está sobrecarregado e o primeiro ministro diz estar arrependido, mas não traz as vidas de volta.
E o Osmar Terra “covardemente” atacado? Estão fazendo o jogo mórbido da morte ao desmandarem e obstarem as recomendações e determinações do ministério da saúde, de Mandetta e assesores.
O que mais para trazer de volta a Terra as mentes que se opõem?
Não faltam informações e dados empíricos.
Caramba, dá até inveja da Suécia no combate à Covid-19. Só em abril foram mil mortes (neste momento, 15/4 são 1.200) lá. Tem o dobro de casos de qualquer outro país escandinavo e mais mortos do que a soma de todos os países nórdicos. Além disso, testou muito menos que os seus vizinhos (74,6 mil testes ou 7,4 mil por 1 milhão de habitantes). A Noruega, por exemplo, fez 130 mil testes (ou 24 mil por 1 milhão de habitantes). Ou seja, na Suécia também há subnotificação (não tão séria quanto à observada no Brasil), pressão sobre o sistema de saúde e também para endurecer as medidas de combate ao coronavírus. Comparar o que a Alemanha vem fazendo e os resultados que vem conseguindo com a Suécia é covardia e desconexão com a realidade daquele país e os debates que vêm sendo travados ali. Enfim, ser conservador (como a Oeste se define) não significa licença para alimentar a idiotia ou praticar um jornalismo porco.
O que o artigo nao esta correto é na taxa de mortos, ou seja, mortos por milhao de habitantes. Ontem dia 14 a suecia tinha uma taxa de 108 e hoje de 119.
O Brasil tem uma taxa de 8 morte por 1 milhao de hab.
Oi Ana, a Suécia tem neste momento que escrevo 119 mortos por 1 milhão de habitantes (dados do Worldomenter, vale a pena conferir, se não o conhece). O Brasil tem 8 mortos por 1 milhão. Mas, o nosso caso, infelizmente, não vale como padrão por conta da subnotificação de casos e falta de testes. Só fazemos 296 testes a cada grupo de 1 milhão. Na suécia, apesar da situação ruim frente aos demais vizinhos escandinavos, são 7,4 mil testes por 1 milhão. Estamos de mãos dadas com Índia, Paquistão, Indonésia, México onde a quantidade de testes, para o bem ou para o mal, não dá conta de representar a realidade.
Parece que este especialista em outra coisa que não é epidemiologia escreveu este artigo antes da Suécia ter mais de mil mortos e repensar sobre aumentar o isolamento. Aliás as escolas abertas eram as primárias apenas.
Pelo que posso deduzir do seu comentário, sómente quem é epidemiologista é que pode dar opinião. E quanto aos infectologistas, virologistas, imunologistas, ou demais profissionais da área de saúde? Há um grande número de PhD’s nas especialidades acima citadas que estão de pleno acordo com o que o Prof. Homburg afirmou.
Excelente! Parece que o obvio vai ficando visível. O rei está nu, finalmente.
Guerra de estatísticas viraluzou. Esqueceram a saúde individual e a saúde da sociedade. O debate sobre as estratégias podem melhorar usando mais o cérebro e menos a emoção. Sairíamos ganhando!
Excelente matéria
Por aqui o deputado e médico Osmar Terra vem falando a mesma coisa, só que é covardemente atacado.
Mas a realidade desses países é diferente da nossa no Brasil, aqui o pessoal não respeita nada.
A começar pelos “cientistas” de momento e políticos…