A prefeita da cidade de San Vicente, Brigitte García, no Equador, foi assassinada a tiros neste fim de semana. Ela estava com o diretor de comunicação do município, Jairo Loor, que também foi morto. A Polícia Nacional encontrou os corpos neste domingo, 24. O país está em estado de exceção para conter a violência do narcotráfico.
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De acordo com declaração da Polícia Nacional ao jornal El Universo, durante a madrugada de domingo, “duas pessoas foram identificadas dentro de um veículo sem sinais vitais, com ferimentos de balas”. A perícia prévia identificou que os disparos foram realizados de dentro do veículo, que era alugado. A polícia investiga o trajeto do carro.
Coronel da polícia equatoriana, Émerson Uridia disse que os corpos foram encontrados em uma praia conhecida como Punta Napo. Cada cadáver tinha dois tiros. Ele descarta a possibilidade de latrocínio — roubo seguido de morte —, já que as vítimas estavam com os pertences quando foram encontradas.
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A prefeita foi dada como desaparecida por volta das 12h do último sábado, 23. Ela administrava um município de 17 mil habitantes, que fica na Província de Manabí, no sudoeste do Equador.
Brigitte tinha 27 anos e era a prefeita mais jovem do país. Ela pertencia ao partido Revolução Cidadã e ganhou destaque ao se tornar a primeira representante de Canoa, uma região rural da cidade. Além disso, a chefe do Executivo também chegou a comandar a Câmara Municipal de San Vicente. Ela era formada em enfermagem e atuava em serviços comunitários.
Equador enfrenta estado de exceção
O Equador enfrenta um estado de exceção desde janeiro, quando o líder da gangue Los Choneros, Adolfo “Fito” Macías, fugiu da prisão em Guayaquil, maior cidade do país. Depois da fuga, facções do tráfico de drogas realizaram ataques pelo Equador. Na época, os criminosos invadiram uma emissora de TV e fizeram uma equipe refém ao vivo.
Em 8 de março, o estado de exceção foi prorrogado por mais 30 dias. O governo informou que a prorrogação é por causa da “grave comoção interna” e ao “conflito armado interno” que o país enfrenta. A medida pode valer por até 90 dias contínuos, de acordo com a Constituição.
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O presidente do Equador, Daniel Noboa, decretou estado de conflito armado interno e elevou 22 organizações criminosas ao patamar de “organizações terroristas”. Com a medida, as Forças Armadas podem “neutralizar” os criminosos. A ação vale por período indeterminado.
Por causa do tráfico de drogas, a taxa de homicídios aumentou de seis para 46 a cada 100 mil habitantes entre 2018 e 2023. O Equador se tornou um dos países mais violentos do mundo. Com o estado de exceção, o governo realizou diversas operações que resultaram em 12 mil detenções, 15 criminosos mortos e mais de 65 toneladas de drogas apreendidas.
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O governo equatoriano emitiu uma nota em que repudia o assassinato da prefeita e do diretor de comunicação. “Ratificamos que não baixaremos a guarda nesta luta contra o terrorismo, o crime organizado e a corrupção política”, informou.
De acordo com o Poder Executivo do Equador, o Plano Fênix conseguiu reduzir a violência no país. A taxa de homicídio caiu de 28 mortes para 11 por dia.