A ativista iraniana de direitos humanos Narges Mohammadi, premiada com o Nobel da Paz em 2023, foi agredida por guardas prisionais na semana passada. O incidente foi divulgado pela família.
De acordo com a defesa, seus pedidos de atendimento médico e acesso a advogados e parentes foram negados. O advogado Mostafa Nili expressou preocupação com a saúde de sua cliente após receber informações de suas colegas de cela. “Minha cliente diz que foi agredida e tem hematomas pelo corpo”, afirmou Nili ao veículo de notícias Emtedad.
“Apesar das ordens do médico da prisão e considerando a condição cardíaca da minha cliente, ela não foi enviada ao hospital”, disse.
Nili também afirma que, nos últimos nove meses, as autoridades prisionais impediram Narges, de 52 anos, de fazer ligações telefônicas e de receber visitas de sua família e advogado.
Ela é a principal ativista de direitos humanos e direitos das mulheres no Irã e cumpre uma sentença de dez anos desde 2021, acusada de “ameaçar a segurança nacional”.
As autoridades iranianas consideraram a premiação do Nobel a Narges uma decisão política tendenciosa. Da ala feminina da prisão, Narges organizou palestras e incitou protestos contra as violações dos direitos humanos pelo governo.
Protestos e repressão
Em 6 de agosto, Narges e outras prisioneiras protestaram contra a execução planejada de Reza Rasaei, um homem curdo de 34 anos preso durante manifestações em 2022. Ele foi acusado de participar do assassinato de um membro das forças de segurança iranianas, o que ele nega.
Grupos de direitos humanos afirmam que ele foi condenado em “um julgamento simulado”.
No Instagram de Narges, foi publicado um áudio de um protesto anterior contra a pena de morte. As prisioneiras podem ser ouvidas dizendo: “Nem ameaças, nem repressão, nem execuções têm mais efeito” e “Morte ao ditador”.
Segundo o marido de Narges, Taghi Rahmani, e o advogado Nili, agentes do Ministério da Inteligência presentes na prisão tentaram reprimir os cânticos e, em seguida, guardas prisionais entraram no pátio. As mulheres foram violentamente agredidas, empurradas, trancadas em suas celas.
Dez delas desmaiaram, e cinco, incluindo Narges, sofreram ferimentos. Guardas golpearam Narges no peito, levando suas colegas a suspeitarem de um ataque cardíaco.
As prisioneiras foram atendidas na clínica da prisão, onde o médico ordenou a transferência de Narges para um hospital. No entanto, a ordem foi ignorada pelas autoridades prisionais.
Marido de ganhadora do prêmio Nobel está ‘assustado’
Rahmani afirmou, em entrevista em Paris, onde vive exilado com os filhos gêmeos do casal, que Narges enviou uma mensagem sobre o ocorrido por meio de suas colegas de cela, que foram autorizadas a ligar e visitar suas famílias.
“Estou muito assustado por ela, assistindo a tudo isso de fora”, disse Rahmani. “Saber o tipo de estresse físico e emocional que Narges está enfrentando é aterrorizante para nós. Narges agora tem uma relevância internacional, e eles estão punindo-a deliberadamente.”
Alguns dias depois do incidente, a organização prisional do Irã divulgou um relatório negando que os guardas tenham agredido as prisioneiras. A declaração, publicada pelo Mizan, veículo de notícias do Judiciário, culpou Narges por “instigar as prisioneiras” a atacar um guarda e tentar arrombar a porta que leva ao pátio.
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É o mesmo sistema adotado pelo psicopata brasileiro.