O programa de desvalorização do peso foi instaurado pelo ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, mas a inflação de agosto pode fechar em torno de 14%. E deve deixar o país sul-americano ainda mais pobre.
O ministro da Economia é também candidato a Presidência no país e anunciou em seu perfil pessoal na plataforma X (antigo Twitter), no domingo 27, uma série de medidas para aliviar os impactos dessa desvalorização, que já diminuiu em 22% o poder de compra do peso.
A desvalorização da moeda argentina foi promulgada pela gestão do presidente Alberto Fernández no último dia 14, depois da vitória do libertário Javier Milei nas eleições primárias argentinas. Segundo Massa, a justificativa foi “forçada” pelo acordo do país com o Fundo Monetário Internacional (FMI), e essa alteração no câmbio já está acelerando o ritmo inflacionário na Argentina.
De acordo com consultores privados ouvidos pelo jornal Gazeta do Povo, a inflação mensal de agosto vai fechar em 14%, o que representaria a maior alta desde fevereiro de 1991. Em julho, antes da desvalorização do peso, os preços ao consumidor cresceram 6,3% em relação a junho.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o empréstimo do FMI feito à Argentina, em 2018, teve interesses políticos para favorecer a reeleição de Mauricio Macri. A dívida, entretanto, ficou para Fernández.
Argentina: inflação galopante e mercados saqueados
Com a alta do dólar também promovida pelo governo peronista na semana retrasada, vários produtos alimentícios tiveram fortes aumentos de preço. Uma série de saques a supermercados e lojas do país ocorreu recentemente — depois do avanço inflacionário e do aumento de 30% nos preços dos produtos por parte dos comerciantes.
A inflação na Argentina em 2023 deve alcançar taxas entre 150% e 200%, segundo informações da Gazeta do Povo.
Aumento na pobreza em meio ao processo de desvalorização do peso
As medidas do Ministério da Economia da Argentina são ineficazes diante de uma inflação descontrolada e com tendência de pobreza no país cada vez mais alta.
O último levantamento feito pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) mostrou que 39,2% dos argentinos viviam na pobreza no segundo semestre de 2022. Neste ano, o patamar deve superar os 42%, segundo projeções fornecidas pela Gazeta do Povo.
Leia mais: Crise argentina tem onda de arrastões em supermercados