Portugal tem enfrentado uma crise de moradia, especialmente na capital, Lisboa. O preço dos aluguéis tem aumentado muito rápido. Com o salário insuficiente, muitos trabalhadores brasileiros decidiram morar nas ruas por causa da dificuldade de pagar por um quarto.
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Somente em 2023, os valores dos aluguéis subiram, em média, 37%. A crise provocou uma crescente na quantidade de pessoas em situação de rua. De 2017 para 2024, o número dobrou para 11 mil. Desses, cerca de 10% são estrangeiros, entre eles, brasileiros.
A maioria dos brasileiros nesta situação foi para Portugal com o sonho de conseguir um bom emprego e crescer financeiramente. Contudo, essa não é a realidade do país europeu.
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Andréia Costa chegou a Portugal em abril de 2022. Ela tinha um emprego fixo, que durou apenas um mês. Para se manter no país da Europa, a brasileira começou a vender marmita e fazer faxina, mas, com uma renda mensal de € 800, ela gastava metade para morar em um quarto compartilhado.
“Cheguei aqui pagando € 200 no quarto”, contou à emissora alemã DW. “Depois subiu para € 300, e ia chegar a € 400. Falei: ‘Não’. É 50% do meu ordenado. Não tem como pagar 50% do meu ordenado para dormir num quarto compartilhado.”
Ao SBT, Andreia contou que decidiu comprar duas barracas de camping e convidou uma amiga para morar junto com ela. “Então foi aí que eu achei essa estratégia.”
Brasileira acaba na rua depois de mudar para Portugal
A faxineira Márcia Álvaro mudou-se para o país europeu na tentativa de realizar um sonho, mas encontrou dificuldades para trabalhar. Ela chegou a dividir um quarto com quatro pessoas antes de morar em uma barraca com Andréia.
“Vim para Portugal para fazer uma faculdade de gastronomia, que é o meu sonho”, contou a brasileira ao SBT. “Cheguei e encontrei algumas dificuldades. Porque a gente se planeja, mas a realidade é outra coisa.”
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Márcia explicou que decidiu morar com a amiga para conseguir guardar dinheiro e “apostar” no futuro. “Falei: ‘Se eu conseguir passar uma noite chuvosa aqui dentro, com ventania, então eu consigo passar o resto aqui’”, afirmou. “Foi quando vim para cá.”
As amigas brasileiras estão acampadas em uma área na Quinta dos Ingleses, a cerca de 500 m da Praia de Carcavelos, nos arredores de Lisboa. A região foi separada para a construção de um condomínio de luxo, mas a obra foi embargada depois que uma associação ambientalista reivindicou a área para uso público.
Brasileiros são a maioria em acampamento
O brasileiro Nelson Ferreira foi um dos primeiros a chegar ao local e acampar. Ele disse que a maioria dos moradores do local é composta de brasileiros, mas que há pessoas de outras nacionalidades, inclusive portugueses.
“Tem de 15 a 20 brasileiros, mais ou menos”, explicou. “Os restantes, portugueses também. Não são muitos, talvez uns seis. Já teve aqui um pessoal ucraniano, ingleses.”
De acordo com a Câmara Municipal de Lisboa, cerca de 2,3 mil pessoas estavam sem moradia em 2023. Entre elas, pessoas em situação de rua ou em abrigos.
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Além disso, alguns brasileiros vão para Portugal em busca de melhores condições de vida para seus filhos. É o caso de Marciele Botin de Pinho. Ela tem um filho de 6 anos no Brasil e decidiu morar no acampamento para conseguir economizar dinheiro.
“Eu só queria juntar dinheiro para voltar, ir embora”, afirmou. “Tenho muita vontade de voltar para o Brasil. Muita. Todo dia.”
O maior problema que os brasileiros enfrentam nos acampamentos é a chuva e o frio. Porém, Márcia assegura que as barracas são suficientes para garantir uma noite tranquila e protegida.
“A chuva não invade nossa casa, o vento também não invade”, relatou. “É tranquilo. A gente está se preparando. A gente já comprou cobertor, agasalhos e é de boa.”
É isso a matéria?!
Triste, lamentável e vergonhoso para o Brasil. Se arriscar em um país estrangeiro sem o mínimo de estrutura é se expor ao desastre.