O Partido Republicano dos Estados Unidos divulgou o relatório inicial de um inquérito de impeachment contra o presidente Joe Biden nesta segunda-feira, 19. A oposição alega abuso de poder e obstrução da Justiça nas transações financeiras do filho do democrata Hunter Biden e de familiares.
O documento de quase 300 páginas divulgado nesta segunda-feira, 19, antes da Convenção Nacional Democrata afirma que a família Biden negociou sua “marca” em empreendimentos comerciais de maneiras corruptas, que atendem ao alto padrão da Constituição para um processo de impeachment.
Como Biden não está mais concorrendo à reeleição, os próximos passos são incertos.
+ Leia mais notícias de Mundo em Oeste
Segundo o portal de notícias CBS News, os republicanos da Câmara não têm apoio das próprias fileiras para o processo contra o presidente, e um possível impedimento pelo Senado está ainda mais distante.
Isso acontece porque muitos republicanos preferem focar a atenção na indicação da vice-presidente, Kamala Harris, como candidata pelo Partido Democrata. Segundo a publicação, algumas investigações sobre Kamala estão em andamento.
O relatório divulgado nesta segunda-feira faz mais de 20 menções ao “governo Biden-Harris”. Os comunicados anteriores dos comitês que investigam Biden normalmente faziam apenas referências diretas ao presidente.
Embora Kamala não seja mencionada sozinha no relatório, os mesmos comitês que lideram o inquérito começaram a abrir novas investigações sobre a democrata e seu escolhido para vice-presidente, Tim Walz.
A Casa Branca rejeitou o inquérito de impeachment da Câmara e encorajou os republicanos da Câmara a “seguir em frente”.
“A totalidade da conduta corrupta descoberta pelos comitês é flagrante”, escreveram no relatório os painéis de Supervisão e Responsabilidade, Judiciário e Recursos e Meios da Câmara que conduzem o inquérito.
Leia também: “As tensas horas que antecederam a desistência de Joe Biden à reeleição nos EUA”
O documento diz que que a “solução da Constituição para o flagrante abuso de poder de um presidente é clara: impeachment pela Câmara e remoção pelo Senado”.
Por meio de registros bancários, entrevistas com cerca de 30 testemunhas, relatos de denunciantes e milhões de documentos, os republicanos alegam uma prática de anos de Hunter Biden e seus associados para pleitear negócios estrangeiros com uso da proximidade da família ao poder em Washington.
Grande parte do foco do relatório não está no período em que Biden foi presidente, mas nos anos em que a família do democrata esteve em crise depois da morte do filho mais velho, Beau, em 2015, e quando o vice-presidente estava se afastando do cargo.
Leia também: “Serviço Secreto dos EUA realoca agentes da segurança de Biden para Trump”
Hunter Biden reconheceu um sério vício em crack naqueles anos. Ele foi condenado em junho por acusações criminais de porte de arma e deve ser julgado no mês que vem por acusações que envolvem impostos federais.
O ex-associado de Hunter Biden, Devon Archer, que foi condenado a um ano de prisão em 2022 por outro motivo, disse ao comitê que “no final das contas, parte do que foi entregue é a marca”.
Os republicanos tiveram acesso a uma série de telefonemas e visitas rápidas para jantares que Joe Biden fez enquanto Hunter conduzia os negócios. Em algumas ocasiões, Hunter colocava o pai no viva-voz para os convidados enquanto trocavam gentilezas.
Leia também: “Trump processa Departamento de Justiça de Biden por apreensão em Mar-a-Lago”
Em depoimento a portas fechadas aos investigadores da Câmara, Hunter Biden insistiu em que não envolveu seu pai em seus negócios.
Ao todo, os republicanos da Câmara alegam que a família Biden e seus associados receberam cerca de US$ 27 milhões em pagamentos comerciais de parceiros ou clientes na Rússia, na China e em outros países.
Eles alegam outros US$ 8 milhões em empréstimos, incluindo alguns do benfeitor de Hunter Biden, Kevin Morris, um advogado de Hollywood, e questionam as compras de obras de arte do filho.
Leia também: “‘Democratas pensaram que eu iria prejudicá-los nas disputas’, diz Biden”
O relatório disse que é “inconcebível” que Joe Biden não tenha entendido o que estava acontecendo. “O presidente Biden participou de uma conspiração para monetizar seu cargo de confiança pública para enriquecer sua família”, afirma o relatório.
O presidente recusou o pedido para depôr perante a Câmara.
O relatório também acusa Biden de obstruir a Justiça na investigação, revisitando reclamações divulgadas sobre o tratamento dado pelo Departamento de Justiça à investigação de Hunter Biden.
Leia também: “‘Biden deve sair da defensiva e tentar ajudar a Venezuela’, diz jornal”
O procurador-geral Merrick Garland negou veementemente as acusações e defendeu o departamento contra alegações de influência política.
Irmão do presidente Joe Biden também é foco
Além de Hunter Biden, o relatório inclui detalhes do envolvimento do irmão de Joe Biden, James, em vários negócios da família.
Os republicanos apontam uma série de pagamentos que mostrariam que o presidente se beneficiou do trabalho do irmão.
Leia também: “Biden quer evitar compromissos depois das 20h para dormir mais”
Os democratas da Câmara defendem a transação, apontando para registros bancários que, segundo eles, revelam que James Biden estava pagando um empréstimo fornecido pelo irmão cerca de seis semanas antes.
Os republicanos emitiram encaminhamentos criminais em que recomendam que o Departamento de Justiça processe Hunter Biden e James Biden, acusando-os de fazer declarações falsas ao Congresso como parte da investigação do Grande Velho Partido (GOP, na sigla em inglês).