As forças do presidente da Rússia, Vladimir Putin, avançaram pela região norte da Ucrânia no último domingo, 12. O chefe militar de Kiev, general Oleksandr Sirskii, disse em mensagem no Telegram que a situação é “difícil”, mas que as forças de defesa do país têm feito de tudo para manter as linhas defensivas e infligirem “danos ao inimigo”.
Ele também mencionou que seus militares “lutam batalhas defensivas ferozes” na região de Kharkiv, que enfrenta uma invasão terrestre pela fronteira com a região russa de Belgorod.
O Ministério da Defesa da Rússia anunciou a conquista de mais quatro vilarejos, depois de ter tomado cinco no sábado 11. A Ucrânia não confirmou a informação, mas determinou a evacuação de civis da área.
A ação de Putin pode expor Kharkiv a uma nova emboscada. Em 2022, a Ucrânia expulsou os invasores russos do local, mas desde o fim de 2023 eles avançaram mais uma vez — primeiro pelo leste ocupado da Ucrânia e agora com a última ação ao norte.
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Objetivo estratégico da ofensiva da Rússia na Ucrânia
O objetivo da ofensiva indica ser a criação de uma “zona tampão” na fronteira, que afasta os sistemas de mísseis da Ucrânia do alcance do sul da Rússia, em especial a região de Belgorodo, que sofreu com ataques.
As defesas russas destruíram um míssil Totchka-U na região, mas os destroços dele atingiram um prédio. No ataque, ao menos sete pessoas morreram e 15 ficaram feridas, de acordo com o governo local.
Esse foi um dos ataques que mais fez vítimas na região, relatou a Folha de S.Paulo. A Rússia informou que localizou os dois lançadores dos projéteis e os destruiu com ataques aéreos.
O Totchka-U é um sistema soviético operado pela Ucrânia — a Rússia o retirou de serviço em 2020, mas há relatos de utilização na guerra.
A zona tampão foi uma promessa de Vladimir Putin depois do aumento de ataques contra solo russo, inclusive na infraestrutura energética do país.
Enquanto a ocupação de Kharkiv parece requerer uma operação mais estruturada, há a chance de ela ser sitiada novamente. Por isso, os bombardeios que ocorrem, principalmente com mísseis e drones sobre o local, podem ser substituídos por munições de artilharia mais baratas e abundantes.
Mas o objetivo de desviar forças defensivas de outras partes da frente de batalha, que tem mais de mil quilômetros, ja foi atingido. Os avanços da Rússia no leste desde fevereiro, quando a contraofensiva de 2023 dos ucranianos já estava derrotada, colocam a tomada total da região de Donetsk no horizonte.
Putin já anexou quatro regiões ucranianas no papel ilegalmente, em 2022. A região de Donetsk e Lugansk no leste, Zaporíjia e Kherson ao sul. Isso criou uma ligação terrestre entre o território russo e a Crimeia, anexada em 2014, no início da guerra.
Segundo analistas, Kharkiv, um centro vital de produção militar nos tempos soviéticos, e toda a costa sul da Ucrânia até a Transdnístria, na Moldova, podem estar nos planos de Putin.
No entanto, as lições aprendidas com os erros iniciais da invasão de Kiev parecem moldar uma estratégia russa mais cautelosa, focada no desgaste prolongado das forças ucranianas enquanto aguardam o novo suporte militar prometido pelo Ocidente.