A treinadora da seleção brasileira de ginástica artística, Iryna Ilyashenko, falou sobre a surpresa do ouro conquistado por Rebeca Andrade na final do solo contra Simone Biles, na Olimpíada de Paris. A brasileira superou a norte-americana nesta segunda-feira, 5.
Para a técnica, Biles, uma das maiores ginastas de todos os tempos, pode estar chegando ao seu limite nas competições.
“Eu nunca vi a Biles cair do jeito que ela caiu, sabe?”, disse Iryna, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo. “Acho que ela já não está mais aguentando, já chegou no limite dela.”
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A vitória de Rebeca Andrade foi inesperada. A treinadora, contudo, reconheceu a superioridade artística da ginasta brasileira.
“Por dentro a gente sonhava”, afirmou Iryna. “A parte artística da Rebeca não tem comparação com qualquer outra. Então, se outra ginasta fizesse qualquer errinho, a Rebeca poderia ganhar. E ela fez.”
Iryna Ilyashenko, natural de Dnipro, Ucrânia, e naturalizada brasileira, treina a seleção de ginástica artística desde 1999. A chegada dela e de Oleg Ostapenko ao Brasil mudou drasticamente a abordagem da equipe. Desde então, o nível de exigência nos treinos aumentou, e atletas como Daiane dos Santos e Daniele Hypolito se destacaram em competições internacionais.
A pressão sobre Rebeca Andrade, Simone Biles e outras ginastas
A treinadora foi além de vibrar com o ouro de Rebeca Andrade, que se tornou a maior brasileira da história em conquistas olímpicas — seis no total, com duas de ouro. De acordo com Iryna, Rebeca Andrade, Simone Biles e outras ginastas têm de lidar com um outro tipo de adversário: a pressão psicológica.
“Todo mundo sabia que tinha uma chance. Mas a gente nunca fala nada para as atletas, porque a pressão psicológica mata”, disse a técnica. “É muito difícil de se lidar.”
Por fim, Iryna voltou a citar a campeã norte-americana como exemplo. Conforme avalia, Biles sentiu a pressão durante a disputa da Paris 2024.
“A Biles é humana, né? Ela sentiu a pressão”, disse a treinadora de Rebeca Andrade. “Ela já não é muito jovem, ela tem muitas medalhas. E cada vez que você conquista medalha, aumenta a pressão, aumenta a cobrança. Por isso, quando está mais velho, fica difícil competir.”
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